O
candidato do PSL à Presidência da República, Jair Bolsonaro, indicou
que, se eleito, poderá compor seu primeiro escalão com nomes do DEM além
do deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS), já apresentado como virtual
titular da Casa Civil. Líder nas pesquisas de intenção de voto,
Bolsonaro disputa o segundo turno da eleição para o Palácio do Planalto
com Fernando Haddad, do PT.
Em
encontro na terça-feira, 23, com 32 representantes da Frente Parlamentar
da Segurança Pública, o capitão reformado disse que levará para seu eventual
governo dois deputados do DEM que não se reelegeram: Alberto Fraga (DF),
atual líder da “bancada da bala” no Congresso, e Pauderney Avelino (AM).
Bolsonaro
prometeu durante a campanha formar uma equipe de primeiro escalão técnica,
livre de indicações políticas e interferência partidária.
Os
deputados negam que existam em andamento conversas formais com o DEM para
composição do governo, mas uma “identificação pessoal” de Bolsonaro com
os integrantes da legenda e com o programa conservador do partido.
O ex-capitão
do Exército indicou Fraga como possível “coordenador” da base aliada –
papel atualmente do ministro-chefe da Secretaria de Governo da Presidência –
durante o encontro com os parlamentares no Rio. “Anuncio aqui que quem vai
coordenar a bancada, lá do Planalto, vai ser o Fraga”, disse Bolsonaro, em meio
a risos e aplausos.
Oficial
da reserva da Polícia Militar, o deputado perdeu a disputa pelo governo do
Distrito Federal. Fraga negou que tenha recebido convite formal e afirmou ter
sido surpreendido com a fala do presidenciável. “Foi um comentário
despretensioso.”
No
mesmo encontro, o presidenciável gravou vídeo ao lado de Pauderney Avelino, a
quem chamou de “grande companheiro” e amigo. Eles convivem desde 1991, quando
eram filiados ao PDC. “Ele (Pauderney) fará parte, com toda certeza, do nosso
governo, e fará intermediação com esse Estado próspero e maravilhoso (Amazonas),
mas que precisa de alguns reparos, para que vocês possam, na economia e em
outras áreas também, crescer na região”, diz Bolsonaro na gravação.
Questionado
pela reportagem, Pauderney ponderou. “Primeiro tem que ganhar a
eleição, depois vamos ver”, disse. “Acho que posso, sim, fazer parte (de um
eventual governo Bolsonaro).”
O
DEM liberou os filiados no segundo turno, mas historicamente fez oposição
ao PT. O presidente da legenda, o prefeito de Salvador, ACM Neto, declarou
voto em Bolsonaro.
Segundo
ele, não haverá conversa do partido antes da votação do próximo domingo e
caberá ao presidente eleito definir “o tom” e “a condução dessa articulação
política”.
“O
Democratas quer ajudar o Brasil, mas também ninguém vai sair por aí se
oferecendo”, afirmou ACM Neto. Ele disse ainda que considera normal e “nada
surpreendente” que deputados do partido “que possuem afinidade com Bolsonaro ou
por terem sido colegas de Congresso” se aproximem dele.
Com
apoio do Centrão – DEM, PP, PR, PRB e SD –, o atual presidente da
Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), busca se manter no comando da Casa.
Ex-ministro da Educação no governo Michel Temer, o deputado Mendonça
Filho (PE), derrotado na disputa ao Senado, colabora com a campanha
de Bolsonaro em propostas da área e também é cotado para voltar à Esplanada. Do Estadão.