quinta-feira, 18 de dezembro de 2025

Alepe descobre fórmula exclusiva: menos trabalho, mais folga — e até quatro salários extras por ano

               A Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) parece ter encontrado uma fórmula inovadora para o mundo do trabalho — ao menos dentro de seus próprios corredores. Em decisão tomada na última terça-feira (16), os deputados aprovaram um projeto de resolução que reduz a carga de trabalho de servidores de alto escalão e ainda cria a possibilidade de indenizações milionárias para quem não conseguir “descansar” o suficiente.

O texto beneficia diretamente servidores estratégicos da Casa, como consultores legislativos e procuradores. Estes últimos, vale lembrar, recebem um salário mensal de R$ 44.213. Pela nova regra, a jornada passa a funcionar em um modelo pouco conhecido do trabalhador comum: três dias úteis de trabalho para um dia de licença, permitindo, na prática, quatro dias consecutivos de expediente seguidos por três de folga.

Mas se o servidor achar difícil aproveitar tanto descanso, não tem problema. As folgas podem ser convertidas em dinheiro. O projeto permite acumular até dez dias de licença por mês, que, se não utilizados, viram indenização. No fim do ano, o valor pode chegar ao equivalente a quatro salários extras — um bônus que está longe da realidade da maioria dos pernambucanos.

No caso de um procurador legislativo, por exemplo, que opte por trabalhar durante todos os dias de folga ao longo de 12 meses, a conta ultrapassa R$ 176,8 mil em indenizações. Um valor que muitos trabalhadores levariam anos — ou décadas — para alcançar.

O benefício também se estende a até dez servidores indicados diretamente pela Mesa Diretora da Alepe: cinco pela Presidência e cinco pela Primeira-Secretaria. A escolha ficará a cargo dos gabinetes dos deputados Álvaro Porto (PSDB) e Francismar Pontes (PSB).

Por ser um projeto de resolução, a medida não depende da sanção da governadora Raquel Lyra (PSD) e entra em vigor automaticamente. O sindicato da categoria reagiu com repúdio, e o tema gerou debate em plenário após a aprovação.

Enquanto isso, fora da Alepe, a realidade segue outra: jornadas de 40, 44 horas semanais, salários apertados e folgas que, quando existem, raramente viram dinheiro. Dentro da Casa, ao que tudo indica, o conceito de “trabalhar demais” ganhou um novo significado. 

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