segunda-feira, 8 de setembro de 2025

Senado pede prisão preventiva de Ciro Gomes por violência política de gênero

            A crise política envolvendo o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) ganhou um novo capítulo nesta quinta-feira (4), quando a Advocacia do Senado Federal protocolou um pedido de prisão preventiva contra ele, sob acusação de violência política de gênero contra a ex-senadora e atual prefeita de Crateús (CE), Janaína Farias (PT). O caso, que tramita na Justiça Eleitoral, expõe a reincidência de ataques verbais considerados ofensivos e misóginos.

A polêmica começou em abril de 2023, quando Janaína assumiu temporariamente o mandato no Senado, ocupando a vaga do ministro da Educação, Camilo Santana (PT). Na ocasião, Ciro a atacou publicamente, chamando-a de “assessora para assuntos de cama do Camilo Santana para o Senado da República” e de “cortesã”. As declarações resultaram em uma condenação no Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJ-DFT), em maio deste ano, com pena de indenização de R$ 52 mil em favor da prefeita.

Mesmo condenado, o ex-ministro voltou a mencionar Janaína em entrevistas recentes. Em agosto, chegou a acusá-la de “recrutar moças pobres e de boa aparência para fazer o serviço sexual sujo do senhor Camilo Santana”. Para a Advocacia do Senado, a reincidência das falas, somada à influência política de Ciro e aos riscos à integridade da prefeita, justificam o pedido de prisão preventiva.

O órgão também sugeriu medidas alternativas caso a prisão não seja decretada, como:

proibição de contato com Janaína;

impedimento de manifestações públicas que a ofendam;

afastamento mínimo de 500 metros da prefeita.

No último sábado (6), durante o Congresso Estadual do PT, Janaína Farias classificou as declarações de Ciro como “covardes” e disse que os novos ataques são ainda mais graves por atingirem sua imagem como gestora municipal.

“Esse segundo ataque dele foi destemperado, mas é o jeito dele de ser mesmo. Covardemente, porque ele queria atacar uma pessoa, não ataca, mas ataca a mim”, afirmou.

“Agora que estou prefeita, o que ele fez acaba prejudicando e induzindo o cidadão de Crateús a achar que faço algo de errado.”

A defesa de Ciro Gomes informou ao jornal Estadão que vai contestar o pedido nesta segunda-feira (8). O advogado Walber Agra afirmou que a medida busca “criminalizar um discurso nitidamente político” e “constranger” o ex-ministro, além de cercear seu direito à liberdade de expressão.

Segundo Agra, não se trata de violência política de gênero, mas de críticas sobre os critérios adotados para a ocupação de cargos públicos no Ceará.

O caso reacende o debate sobre os limites da crítica política e a necessidade de proteger mulheres que ocupam cargos eletivos contra ataques baseados em gênero. A Lei 14.192/2021 tipifica a violência política de gênero e prevê medidas de responsabilização para quem utiliza discursos misóginos, estereotipados ou que busquem deslegitimar a atuação política de mulheres.

Enquanto o processo segue na Justiça Eleitoral, a polêmica em torno de Ciro Gomes reforça a tensão entre liberdade de expressão e responsabilidade no debate público, especialmente em um cenário político cada vez mais polarizado. 

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