domingo, 31 de agosto de 2025

Raquel Lyra anuncia batalhão da PM no Cabo em meio a embate político com prefeitura

             O Governo de Pernambuco deve oficializar, nesta segunda-feira (1º), a construção de um novo Batalhão da Polícia Militar (BPM) no Cabo de Santo Agostinho, com investimento de R$ 12,2 milhões. O anúncio acontece em um momento de tensão política e de debate acalorado sobre a segurança pública no município, que aparece entre os mais violentos do país.

De acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o Cabo foi a quinta cidade brasileira com maior número de mortes violentas intencionais (MVI) em 2024, dado que reforça a gravidade da situação local e a pressão por respostas mais efetivas do poder público.

Em junho, o prefeito Lula Cabral (SD), crítico da gestão estadual, foi pessoalmente até a governadora Raquel Lyra (PSDB) para solicitar o envio de tropas da Força Nacional ao município. O pedido, que já havia sido feito publicamente no mês anterior, não avançou.

Segundo o prefeito, o atual efetivo do 18º BPM, responsável pelo policiamento do Cabo e de Ipojuca, é insuficiente: apenas 320 policiais para uma população estimada em mais de 320 mil habitantes, ou seja, uma média de um policial por mil moradores — índice abaixo do considerado adequado pelos especialistas. “Estamos vivendo uma escalada de homicídios e o efetivo não tem condições de responder à altura”, afirmou Lula Cabral à época.

A solicitação foi rejeitada pela governadora, que argumentou que Pernambuco tem apresentado melhora nos indicadores de violência, inclusive no Cabo. Dados da Secretaria de Defesa Social (SDS) mostram redução de 11% nos homicídios, 16% nos casos de violência doméstica e 22% nos crimes de roubo no município.

“Pernambuco está no caminho certo, temos absoluta condição de enfrentar a criminalidade, como nós estamos fazendo. Então nós não vamos encaminhar ao governo federal o pedido de Força Nacional”, declarou Raquel Lyra.

Apesar da negativa anterior, a criação do batalhão no Cabo surge como parte de um plano mais amplo de reestruturação da Polícia Militar em Pernambuco. No início de junho, o Executivo estadual enviou à Assembleia Legislativa um projeto que prevê a instalação de cinco novos BPMs em diferentes regiões:

  • 27º BPM, em Goiana (Zona da Mata Norte);
  • 28º BPM, em Bezerros (Agreste);
  • 29º BPM, em Camaragibe (RMR);
  • 3º Batalhão Integrado Especializado (BIEsp), em Arcoverde (Sertão);
  • 4º BIEsp, em Barreiros (Zona da Mata Sul).

A proposta também incluiu a criação de dois novos batalhões temáticos: o Batalhão de Policiamento Turístico (BPTur), no Recife Antigo, e o Batalhão de Policiamento Ambiental (BPA), em Igarassu, que vão substituir unidades anteriores.

O anúncio no Cabo de Santo Agostinho, portanto, vai além da questão de segurança. Ele também simboliza um capítulo da disputa política entre o governo estadual e a prefeitura local. Enquanto Lula Cabral insiste na necessidade de reforço imediato e de apoio federal, Raquel Lyra aposta na expansão gradual da PM e na redução dos índices de violência como resposta suficiente ao problema.

O fato é que, com os holofotes voltados para os alarmantes números da criminalidade no Cabo, a inauguração do novo batalhão será observada não apenas como uma medida de reforço à segurança, mas também como um movimento estratégico dentro do xadrez político de Pernambuco. 

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