quarta-feira, 13 de agosto de 2025

11 anos da partida de Eduardo Campos e 20 anos da morte de Miguel Arraes

Entre a memória e a história: como Miguel Arraes e Eduardo Campos inspiram a luta contínua pela democracia uniu avô, neto e um Brasil que não desiste

Era manhã de quarta-feira, 13 de agosto de 2014. Chovia em Santos, o céu cinza e o clima frio pareciam sussurrar um silêncio carregado de dor. Eduardo Campos, candidato à presidência da República pelo PSB, encerrava no dia anterior sua histórica entrevista ao Jornal Nacional, com uma voz firme e cheia de esperança, lançando ao Brasil a frase que ecoaria como um mantra:

“Não vamos desistir do Brasil.”

Pouco depois, a tragédia tomou conta do país. O avião que levava Eduardo e seus companheiros caiu no bairro Boqueirão, em Santos, ceifando a vida daquele líder de apenas 49 anos e de seis pessoas que partilhavam seu sonho. A comoção nacional era a prova da força de um homem que, em pouco tempo, soube ser voz, líder e esperança para Pernambuco e caminhada para ser referência no Brasil.

Mas essa chama não surgiu do nada. Duas décadas antes, num 13 de agosto diferente, porém tão simbólico, morria Miguel Arraes, seu avô, o homem que tinha o cheiro do povo, que era mito e verdade ao mesmo tempo. Figura quase folclórica, sua imagem era tão próxima do povo que, certa vez, serviu até de ingrediente para chá — um símbolo do cotidiano de uma gente simples que o via como pai, voz e resistência.

Arraes, com seu bom humor, era a personificação do político que não se encontra mais nos dias atuais: um homem do povo, que nunca perdeu o contato com as raízes e a simplicidade. Governador por três vezes de Pernambuco, enfrentou a repressão brutal da ditadura militar com coragem e dignidade. Quando em 1964 se recusou a renunciar ao governo, honrou o voto do povo e foi punido com prisão e exílio por 14 anos, mas jamais perdeu a voz ou a esperança.

Seu retorno ao Brasil, embalado pela Lei da Anistia, reacendeu a chama da democracia num país que ainda lutava para se libertar das sombras do autoritarismo. Arraes era o pai dos pobres, o político da resistência, o mito que inspirou gerações e fez da democracia sua bandeira. Uma de suas frases icônicas é: “A vida não se resolve, a vida se vive e vou viver lutando até o fim”

Eduardo Campos trazia em seu sangue, em seu jeito de ser e em sua inteligência política, a herança de seu avô. Um verdadeiro Agamenon moderno, que não apenas liderou, mas também plantou sementes, criou novas lideranças e conduziu Pernambuco a um novo patamar de desenvolvimento. Sua visão ultrapassou o horizonte do Estado, almejando um Brasil melhor e mais justo.

Hoje, o legado de Eduardo vive em seu filho, João Campos, prefeito do Recife, um dos maiores expoentes dessa trajetória política e de luta, que continua a honrar a história de sua família e a caminhar pelos ideais que os dois — avô e neto — deixaram como patrimônio do povo pernambucano e brasileiro.

Lembramos, assim, desses dois gigantes que, em momentos distintos, encarnaram a coragem, a esperança e a resistência — qualidades tão necessárias para a democracia que sustentamos e que tanto falta nos fazem hoje quando o autoritarismo travestido de modernidade, ameaça a verdadeira liberdade. A frase de Eduardo, “Não vamos desistir do Brasil”, não é só um lema, é um compromisso que atravessa gerações, assim como a coragem e o sorriso de Miguel Arraes.

Ela nos chama à ação, à reflexão e à luta diária pela democracia que sustenta nossa nação. Nesta memória compartilhada, reafirmamos que a luta deles é a nossa luta. Que a democracia, assim como a chuva que caia silenciosa em Santos há 11 anos ou a brisa que passa pelo Palácio do Campos das Princesas, seja sempre renovada, viva, resistente na luta cotidiana pela justiça, pela liberdade e pelo Brasil que eles sempre acreditaram ser possível.

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