A intervenção urbana da
exposição fotográfica “Tamancos” da fotógrafa Amannda Oliveira, é uma das
visitas que vale a pena ser feita dentro da programação do Festival de Inverno
de Garanhuns. As imagens retratam a tradição do Samba de Coco de Arcoverde e a
sua renovação pelas gerações.
“Os tamancos são peça
fundamental no Samba de Coco de Arcoverde. Mais do que um acessório para a
dança, eles são parte fundamental para a percussão. O que além da batida do
surdo faz o nosso samba de coco ser único”; destaca Amannda Oliveira.
A instalação foi montada na
Galeria das Artes Simoa Gomes, localizada na Avenida Euclides Dourado, n.º 510.
Próximo ao Restaurante Varanda.
Apresentação da Exposição:
Há mais de um século, uma
gente abençoada pelo Sol do Sertão, cultiva a dança encantatória do Samba de
Coco e do Trupé, juntando mestres e brincantes que se achegavam da Zona Rural
de Arcoverde, Buíque e Águas Belas, trazendo no corpo e na alma, os símbolos
rituais dos povos indígenas sertanejos, e dos quilombolas espalhados pela
região, que na Batalha, ou no Sítio Coqueiro, durante as novenas do mês de
maio, nas casa de taipas e nos terreiros, que tinham como costume, rezar,
cantar benditos e ao término da novena, guardar os santos, fechar os oratórios
e começar a sambada de coco, puxada pelas mestras e mestres, com seus ganzás,
improvisados com latas e por palmas de mãos , levando os participantes a
celebração da vida e da cultura popular. Na pisada do coco e do trupé, no chão
de barro batido, ou de cimento, das casas. Ao longo dos anos, os instrumentos e
repertório foram ricamente elaborados, e com palco, figurinos e shows, bem
caprichados, tornaram, mundialmente conhecida, a batida do surdo de Biu
Neguinho; marca inconfundível do samba de Coco arcoverdense. Junto, com o som
inebriante dos tamancos, usados pelos jovens dançarinos, que levam as plateias
envolvidas nos espetáculos, a experimentarem, um verdadeiro transe.
Amanda Oliveira, fotógrafa
sensível e apaixonada pelas nossas tradições, nos presenteia com uma rica
memória afetiva, revelando o cotidiano das mestras, mestres, e herdeiros do
samba de coco, fazedores de cultura, de festas e alegria, celebrando a vida com
beleza e resistência, mostrando as brincadeiras, que fazem acontecer, nos seus
terreiros, nas casas, escolas, praças e palcos, da nossa terra, sem se deixar
abater ,pelas ausências físicas ou pela falta de políticas culturais mais
atentas e presentes, bem como da cultura de massa que tenta sufocar artistas e
arte popular.
Amanda Oliveira ilumina
nossos sentidos, com formas, cores, e o som da percussão dos tamancos, nos
tablados dos palcos, e nos palcos da vida, que se expressam e evoluem, como
mais um instrumento do samba de coco e nos convida a apreciar a beleza de quem
fez, faz, viveu, vive e resiste no Samba de Coco arcoverdense, para o Brasil e
o mundo.
A tradição se perpetua e
reacende sua chama com as crianças e jovens do Samba de Coco das Irmãs Lopes,
Samba de Coco Trupé e Samba de Coco Raízes de Arcoverde e em mais outros que
estão e que virão inspirados na força dos cantos e danças dos terreiros
sagrados da COHAB I, São Miguel e Alto do Cruzeiro.
Um salve para Amanda
Oliveira, para os TAMANCOS, para Ivo Lopes e Lula Calixto (in memória), para as
mestras, para os mestres e brincantes da nossa mais forte tradição!
Márcia Moura - Pesquisadora
Amannda Oliveira é
historiadora, fotógrafa, blogueira e contadora de histórias. Acompanha grupos
de cultura popular na cidade de Arcoverde há mais de 13 anos, um amor e
trabalho que veio com as matérias que criava para o Blog Falando Francamente.
Como fotógrafa já realizou exposições que retratam mães, mulheres com câncer,
mulheres vítimas de violência, a Folia dos Bois e Ursos da Cidade de Arcoverde,
além de uma exposição sobre o CECORA, maior feira livre da cidade. Exposições
fruto de vivências e pesquisas realizadas pela mesma na cidade de Arcoverde,
Sertão do estado.
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