quinta-feira, 11 de dezembro de 2025

Câmara mantém Carla Zambelli no mandato mesmo após condenação a 10 anos de prisão pelo STF

                Em uma decisão que reacende o debate sobre corporativismo parlamentar e impunidade, o plenário da Câmara dos Deputados rejeitou, na madrugada desta quinta-feira (11), a cassação do mandato da deputada Carla Zambelli (PL-SP). Foram 227 votos a favor, 170 contra e 10 abstenções — número insuficiente para alcançar os 257 votos necessários para retirar o mandato.

A parlamentar foi condenada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 10 anos de prisão, sentença definitiva e sem possibilidade de recurso, por ter coordenado, junto ao hacker Walter Delgatti Neto, a invasão aos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e a inserção de documentos falsos, incluindo um falso mandado de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes.

Apesar da gravidade do crime e da ordem expressa do STF pela perda imediata do mandato, os deputados decidiram pela permanência da parlamentar no cargo — repetindo um episódio semelhante ao de Natan Donadon, em 2013, quando o então deputado manteve o mandato mesmo preso.

A decisão contraria a recomendação da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), que havia aprovado a cassação por 32 votos a 2.

A manutenção do mandato de uma parlamentar condenada criminalmente escancara o distanciamento entre a realidade da maioria dos brasileiros e a lógica de autoproteção no Legislativo.

Um trabalhador comum, condenado a 10 anos de prisão por qualquer crime, seria demitido imediatamente, perderia renda, benefícios e teria sua vida profundamente alterada. Já no caso de Carla Zambelli, mesmo condenada e classificada como criminosa pela Justiça, continuará recebendo salário, verbas de gabinete, regalias, assessores e prerrogativas parlamentares, até que o impasse seja resolvido.

A Constituição determina a cassação de parlamentares condenados criminalmente em sentença transitada em julgado. Com a recusa da Câmara em cumprir essa regra, o caso deverá gerar uma nova disputa jurídica, devendo retornar ao plenário do STF.

O episódio expõe mais uma vez a tensão entre poderes, o peso do corporativismo no Congresso e a dificuldade histórica do país em aplicar punições igualitárias, independentemente de cargos e posições de poder. 

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