Ação civil pública exige que
Estado restaure a padronização federal do programa "Caminho da
Escola" após sobrepor logomarcas estaduais. Tentativa de acordo
extrajudicial, segundo o MPF, foi ignorada.
RECIFE, PE – Uma disputa
sobre quem leva o crédito pela aquisição de ônibus escolares em Pernambuco
escalou para a Justiça Federal. O Ministério Público Federal (MPF) ajuizou uma
ação civil pública para obrigar o Governo do Estado a restaurar a identidade
visual original de 785 veículos do programa federal “Caminho da Escola”, que
tiveram seus logos cobertos pela marca do programa estadual “Juntos pela
Educação”.
A ação, assinada pela
procuradora da República Ládia Chaves, argumenta que a descaracterização dos
ônibus viola diretamente uma resolução do Fundo Nacional de Desenvolvimento da
Educação (FNDE). A norma proíbe expressamente qualquer alteração na
padronização dos veículos, que inclui a cor amarela, a faixa preta e as
logomarcas do programa federal.
O ponto central da questão é
que, embora o Estado tenha utilizado recursos próprios na compra, ele se
beneficiou do programa federal ao aderir às Atas de Registro de Preços (SIGARP)
do FNDE, o que garantiu vantagens como isenções tributárias e um valor unitário
mais baixo por veículo. A manutenção da identidade visual, segundo o MPF, é uma
contrapartida obrigatória para usufruir desses benefícios.
A investigação do MPF
constatou que as logomarcas do programa estadual foram inseridas em tamanho
muito superior às federais, chegando a cobrir os vidros traseiros dos ônibus, o
que, além de irregular, compromete a visibilidade.
Antes de judicializar o
caso, o MPF tentou uma solução amigável. Em junho deste ano, expediu uma
recomendação ao Governo de Pernambuco, concedendo um prazo de 60 dias para a
remoção completa das logomarcas estaduais. A resposta, no entanto, foi
considerada insuficiente. Segundo o órgão, o governo enviou apenas duas
fotografias, que pareciam ser do mesmo veículo, para atestar o cumprimento da
medida, o que não comprovou a regularização nas centenas de ônibus. Após um
novo ofício em agosto, também sem o acatamento da recomendação, a procuradora
concluiu que "não restou outra alternativa senão o ajuizamento da
ação".
Agora, o MPF requer que a Justiça Federal obrigue o Governo do Estado a restaurar a caracterização original de todos os 785 ônibus, sob pena de uma multa diária de R$ 5 mil em caso de descumprimento. A ação joga luz sobre uma prática comum na política: a tentativa de "reivindicar a paternidade" de ações, mesmo quando elas são fruto de parcerias ou programas de outras esferas de governo.
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