quinta-feira, 2 de outubro de 2025

Ex-trabalhadores da empresa Êxito denunciam abusos trabalhistas e levam casos à Justiça em Serra Talhada

                  Oito ex-funcionários da empresa Êxito, integrante do grupo Realiza, ingressaram com duas ações na Justiça do Trabalho contra os empresários Bruno Pimentel e Carlos Felipe, acusando-os de uma série de violações trabalhistas. Os processos tramitam na Vara do Trabalho de Serra Talhada, no Sertão de Pernambuco, e expõem relatos de salários atrasados, jornadas exaustivas de 24 horas, desvio de função e condições laborais insalubres.

As denúncias vieram a público nesta quarta-feira (1º), em entrevista concedida ao programa Rádio Vivo, da Rádio Pajeú.

Segundo os relatos, os atrasos salariais chegavam a se acumular por até dois meses. A prática comum, de acordo com os trabalhadores, era o pagamento de apenas uma quinzena, deixando a outra em aberto. A situação foi descrita pelo advogado Robson Júnior, que atua nos processos de forma gratuita (pro bono):

“O horário laboral de um dos vigilantes era de 24 horas por 24 horas. Isso não existe em lugar algum. Em toda minha experiência na advocacia, eu nunca vi algo assim”, afirmou.

Os funcionários também relataram condições precárias de trabalho: ausência de banheiros e refeitórios, falta de equipamentos de proteção individual (EPI), uso de botas rasgadas e trabalho sem luvas. O advogado pede indenização de R$ 100 mil por danos morais para cada trabalhador, alegando “violação flagrante à dignidade da pessoa humana”.

As ações enfrentaram dificuldades no trâmite inicial. Segundo Dr. Robson Júnior, foi necessário acionar a Corregedoria e a Ouvidoria do Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região (TRT6) para que houvesse andamento processual. Após decisão do TRT6, o juiz de Serra Talhada se declarou suspeito para julgar um dos processos, que aguarda designação de novo magistrado.

O advogado ainda denunciou supostas estratégias do grupo Realiza para escapar da Justiça, como a extinção e criação de novos CNPJs e até a orientação a funcionários para evitar receber notificações judiciais.

“Há um áudio nos autos em que um vigia afirma estar se escondendo por determinação dos patrões para não ser notificado. Por isso, pedimos a desconsideração da personalidade jurídica, para atingir diretamente o patrimônio pessoal dos sócios”, explicou.

Outro ponto levantado nas ações é a possível responsabilidade subsidiária do Município de Afogados da Ingazeira, contratante dos serviços prestados pelo grupo. Para o advogado, a prefeitura se omitiu no dever de fiscalização.

“Se ficar comprovado que o município tinha obrigação de vigiar e fiscalizar os trabalhadores e se omitiu, ele poderá ser responsabilizado pelo pagamento dos débitos trabalhistas, caso haja condenação”, destacou.

O argumento central é a chamada culpa in vigilando, já que a prefeitura, ao contratar os serviços, teria permitido que trabalhadores permanecessem em condições de insalubridade flagrante.

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