domingo, 12 de outubro de 2025

Delegado da PF deixa comando da Operação Sisamnes após concluir relatório parcial das investigações

Marco Bontempo alegou questões de saúde e sobrecarga de trabalho; PF afirma que apuração sobre venda de decisões judiciais seguirá com novo delegado e mesma equipe técnica

O delegado da Polícia Federal Marco Bontempo deixou o comando da Operação Sisamnes, investigação que apura um esquema de venda de decisões judiciais envolvendo integrantes do Judiciário e lobistas. A saída ocorre após a entrega de um relatório parcial que detalha os resultados obtidos até agora e as próximas diligências previstas.

A redistribuição formal do inquérito ainda não foi publicada, mas Bontempo já comunicou sua decisão à Coordenação de Inquéritos Especiais (Cinq), setor responsável por casos que tramitam no Supremo Tribunal Federal (STF). Em sua justificativa, o delegado alegou motivos de saúde e sobrecarga de trabalho decorrente da complexidade e da intensidade da operação.

De acordo com informações apuradas pelo Estadão, a saída de Bontempo não está relacionada a pressões externas ou interferências políticas. O delegado comandava a apuração desde o início, em novembro do ano passado, quando a PF prendeu o lobista Andreson de Oliveira Gonçalves e afastou servidores do Superior Tribunal de Justiça (STJ) suspeitos de envolvimento no esquema.

O relatório parcial entregue por Bontempo foi encaminhado ao ministro Cristiano Zanin, do STF, e propõe aprofundamento das investigações sobre assessores do STJ e a filha de um ministro da Corte, conforme revelou o Estadão na última sexta-feira (10).

Além disso, Bontempo já havia concluído outro braço da operação que investigava dois desembargadores do Tribunal de Justiça de Mato Grosso e um juiz estadual, suspeitos de participação em práticas de corrupção e tráfico de influência.

Fontes da cúpula da Polícia Federal garantiram que a Operação Sisamnes continuará sem interrupções, sendo redistribuída para um delegado experiente que dará sequência às investigações. A mesma equipe de agentes e peritos que atua desde o início permanecerá responsável pela análise das provas coletadas.

Deflagrada em 2023, a Operação Sisamnes — nome inspirado em um juiz corrupto da Pérsia Antiga punido por vender sentenças — expôs indícios de um sofisticado esquema de corrupção judicial, envolvendo pagamentos para manipular decisões em tribunais superiores.

Com o afastamento de Marco Bontempo, a expectativa é que o novo delegado mantenha o ritmo da apuração e aprofunde as linhas de investigação abertas, especialmente aquelas que tocam em figuras do alto escalão do Judiciário brasileiro. 

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