sexta-feira, 12 de setembro de 2025

Sindicato questiona preço da água definido em edital de concessão da Compesa

                     A definição do valor que será repassado pela Compesa às futuras concessionárias privadas voltou a gerar polêmica nesta sexta-feira (12), durante o lançamento do edital de concessão parcial dos serviços da companhia, em coletiva de imprensa realizada pela Secretaria de Projetos Estratégicos, no Recife.

Representantes do Sindicato dos Urbanitários de Pernambuco (Sindurb-PE) afirmam que o preço de referência estabelecido — R$ 1,84 por metro cúbico — coloca em risco a sustentabilidade financeira da estatal e favorece as concessionárias privadas.

O sindicato protocolou no Tribunal de Contas do Estado (TCE-PE) um relatório de mais de 60 páginas, com base em estudos técnicos, que projeta impactos severos caso o valor seja mantido. Segundo o documento, o custo mínimo necessário para cobrir as despesas da companhia seria de R$ 2,12/m³.

Além disso, o estudo compara os números com tarifas praticadas em outros estados:

  • Casal (Alagoas): R$ 2,409/m³ (previsto para 2025)
  • Cedae (Rio de Janeiro): R$ 2,28/m³ (em 2024)

Com a tarifa fixada abaixo desses patamares, o relatório estima que a Compesa pode acumular um déficit superior a R$ 3 bilhões apenas nos cinco primeiros anos da concessão.

Durante a coletiva, a representante do Sindurb-PE e funcionária da Compesa, Kátia Botafogo, manifestou preocupação quanto ao futuro dos trabalhadores.

“Temos preocupação com nossos empregos, porque vamos ficar na parte pública da empresa, onde existe um desmonte das estruturas, sem falar nessa questão do preço da água que será vendida da Compesa para a empresa privada. Nosso receio é que isso enfraqueça cada vez mais a companhia”, afirmou a sindicalista.

Ela participou do ato junto com um pequeno grupo de assistentes sociais, que protestou em frente ao local do evento, chamando a atenção para os riscos sociais e econômicos da proposta.

O edital faz parte do processo de concessão parcial dos serviços de saneamento, conduzido em parceria com o BNDES. O governo estadual defende o modelo como forma de ampliar investimentos e acelerar a universalização dos serviços. O TCE deverá analisar os apontamentos feitos pelo sindicato antes da homologação final do processo.

A disputa em torno da tarifa do metro cúbico de água promete se tornar um dos principais pontos de embate entre governo, trabalhadores e órgãos de controle nos próximos meses.

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