segunda-feira, 8 de setembro de 2025

Prefeituras do Sertão adotam medidas de contenção de gastos, mas dados apontam aumento nos repasses

                  Nos últimos dias, quatro prefeituras do Sertão pernambucano anunciaram decretos de contenção de despesas, citando a queda nos repasses do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) e do ICMS como principal justificativa. Iguaracy, São José do Egito, Ingazeira e Afogados da Ingazeira instituíram uma série de medidas austeras que afetam salários, gratificações, uso de veículos oficiais e consumo de insumos como energia, água e combustíveis.

Em Iguaracy, no dia 1º de setembro, o prefeito Pedro Alves publicou decreto que prevê, entre outras ações, restrições no uso de veículos oficiais em fins de semana e feriados, suspensão de horas extras, corte em diárias e capacitações, redução no consumo de materiais e energia, além de diminuição dos salários de cargos comissionados, contratados e prestadores de serviços.

No dia seguinte, em São José do Egito, o prefeito Fredson Brito anunciou corte linear de 20% nos salários do prefeito, vice-prefeito, secretários, cargos comissionados e contratados pelos próximos quatro meses. A medida foi apresentada como resposta à queda nos repasses do FPM e ICMS, mas também foi motivada por decisões judiciais relacionadas ao Fundo de Previdência Municipal (FUNPREJ), que obrigaram o município a aumentar em cerca de R$ 300 mil mensais os repasses aos professores aposentados.

Em Ingazeira, o prefeito Luciano Torres instituiu, por meio do Decreto nº 027/2025, cortes de 10% nos salários de cargos comissionados e contratados temporários (exceto serviços essenciais), redução de 50% em gratificações já concedidas, restrição ao uso da frota e diminuição de despesas com energia, água, diárias e assessorias contratadas.

Por fim, em Afogados da Ingazeira, o prefeito Sandrinho Palmeira publicou decreto suspendendo afastamentos de servidores, novas gratificações, cessão de veículos oficiais para associações e eventos externos, além de reduzir jornada e despesas com energia, água e manutenção de frota. O documento tem validade até 31 de dezembro.

Apesar da narrativa de queda nas receitas, dados oficiais mostram que os repasses às prefeituras da região cresceram consideravelmente em 2025. Um exemplo: um município da região recebeu, entre janeiro e agosto de 2024, R$ 82.032.634,15. Se os valores tivessem sido apenas reajustados pela inflação acumulada de 3,52%, o total deveria ter alcançado R$ 84.920.182,87. Porém, em 2025, o mesmo município recebeu R$ 91.129.479,28, representando um aumento de aproximadamente 11% — bem acima da inflação.

Segundo a especialista em finanças públicas Izilda Sampaio, esses números demonstram que não houve queda nos repasses constitucionais, mas um crescimento expressivo. “É fundamental que a verdade seja restabelecida com base em dados concretos e oficiais. Medidas de austeridade são importantes, mas não podem ser justificadas por informações incorretas sobre os recursos disponíveis”, afirma.

O episódio evidencia um paradoxo no Sertão: enquanto gestores adotam medidas drásticas para conter despesas, os repasses federais e estaduais cresceram, apontando para a necessidade de maior transparência e comunicação clara sobre as finanças municipais. com informações do Nill Junior 

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