Segundo Marcus, a decisão de
Bezos de abolir os tradicionais editoriais de apoio a candidatos presidenciais
— prática histórica do jornal desde 1976 — foi apenas o primeiro sinal de uma
mudança estrutural. O empresário, posteriormente, restringiu a linha editorial
de opinião a dois temas: livre mercado e liberdades individuais. A medida,
considerada uma limitação drástica da pluralidade jornalística, foi decisiva
para a saída da jornalista.
“Não tive escolha a
não ser pedir demissão, precisava garantir a minha independência e não podia
fazer isso no Post”, declarou Ruth.
A jornalista revelou ainda
que teve um artigo crítico às mudanças editoriais censurado pelo jornal, o que evidenciou
a interferência direta do proprietário na condução do debate público. Para ela,
a postura de Bezos aproxima o Post de uma lógica de alinhamento político
motivada por interesses econômicos e, sobretudo, pela aproximação com Donald
Trump.
“Ele está pensando em
seus interesses econômicos, mas não é algo que um proprietário de um jornal
deveria fazer”, afirmou.
Especialista em questões da
Suprema Corte americana, Marcus fez um alerta grave: a fragmentação do sistema
de freios e contrapesos pode abrir caminho para a consolidação de um governo
autoritário nos Estados Unidos.
“Estamos vendo o
início de uma autocracia nos Estados Unidos”,
disse.
Ela criticou ainda a postura
do Congresso e da Suprema Corte, que, segundo ela, têm agido de maneira
conivente com os avanços de Trump sobre as instituições democráticas.
“A Suprema Corte é
muito conservadora e tem uma visão inflada do poder presidencial e o nosso
Legislativo aceita tudo que Trump quer fazer, mas somos resilientes”,
avaliou.
A saída de Ruth Marcus marca
não apenas o fim de uma trajetória de mais de 40 anos em um dos jornais mais
influentes do mundo, mas também levanta uma discussão crucial sobre os rumos da
imprensa, a independência editorial e a resistência das democracias diante da
ascensão de projetos autoritários.
Enquanto Bezos defende um jornalismo mais alinhado a determinados valores de mercado, Ruth alerta para o risco de silenciamento da diversidade de vozes e da crítica política. Para ela, a luta pela liberdade de expressão e pela autonomia do jornalismo nunca foi tão urgente quanto agora.
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