segunda-feira, 15 de setembro de 2025

Ex-delegado-geral de São Paulo, Ruy Ferraz Fontes, é assassinado em emboscada na Praia Grande

               O ex-delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, Ruy Ferraz Fontes, foi morto a tiros na tarde desta segunda-feira (15), após uma emboscada na Praia Grande, no litoral sul paulista. Fontes, que atualmente ocupava o cargo de secretário de Administração Pública do município, foi atacado por criminosos armados com fuzis quando deixava a sede da prefeitura.

De acordo com informações preliminares, Fontes havia encerrado sua rotina de trabalho e conversado minutos antes, por telefone, com o procurador de Justiça Márcio Christino, que relatou ter sido o último a falar com ele.

“Ele não estava fazendo nada ligado à segurança, estava afastado da área”, afirmou Christino.

Ao deixar o prédio, o veículo conduzido por Fontes foi seguido por bandidos em uma caminhonete Hilux. Câmeras de segurança registraram a perseguição: em alta velocidade, o ex-delegado perdeu o controle no cruzamento e foi atingido por um ônibus, capotando em seguida. Neste momento, os criminosos desceram armados de fuzis e abriram fogo contra o carro.

Segundo o secretário-adjunto da Segurança Pública, Oswaldo Nico Gonçalves, Fontes reagiu e conseguiu ferir ao menos um dos atacantes. Um cerco policial foi montado na Baixada Santista para localizar os envolvidos.

Conhecido pelo combate direto ao crime organizado, especialmente ao Primeiro Comando da Capital (PCC), Ruy Fontes chefiou a Polícia Civil de São Paulo entre 2019 e 2022, nomeado ainda no governo de João Doria.

Sua trajetória de enfrentamento ao PCC remonta a 2006, quando foi o responsável por indiciar toda a cúpula da facção criminosa, incluindo o líder Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, antes da transferência dos criminosos para a Penitenciária 2 de Presidente Venceslau.

Em 2010, escapou de uma tentativa de assassinato planejada por integrantes da facção, quando atuava no 69º DP, na Cohab Teotônio Vilela. Antes disso, havia chefiado a Delegacia de Roubo a Bancos do Deic, setor que o colocou na linha de frente da repressão ao crime organizado.

Fontes também comandou o Departamento de Narcóticos, onde conduziu a primeira grande investigação contra Gilberto Aparecido dos Santos, o Fuminho, considerado o maior narcotraficante do PCC. A apuração resultou na prisão do criminoso em Moçambique, em 2020.

Em 2019, já como delegado-geral, esteve à frente da delicada operação que transferiu Marcola e outros líderes do PCC para presídios federais de segurança máxima.

A polícia investiga se o atentado tem ligação direta com o PCC. Uma das linhas de apuração aponta para a possível participação da Sintonia Restrita, braço armado da facção responsável por planos anteriores de atentados contra autoridades como o ex-juiz Sérgio Moro e o promotor Lincoln Gakiya, do Gaeco.

“Ainda não podemos afirmar. Mas vamos tentar localizar esse bandido que ele teria baleado”, afirmou o delegado Nico.

A morte de Ruy Ferraz Fontes marca um duro golpe na segurança pública e reacende o alerta sobre a ofensiva de organizações criminosas contra agentes do Estado. Respeitado dentro e fora da corporação, Ruy era visto como símbolo de resistência à escalada de poder do PCC e deixa um legado de investigações que enfraqueceram a facção ao longo das últimas décadas. 

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