De acordo com informações
preliminares, Fontes havia encerrado sua rotina de trabalho e conversado
minutos antes, por telefone, com o procurador de Justiça Márcio Christino, que
relatou ter sido o último a falar com ele.
“Ele não estava
fazendo nada ligado à segurança, estava afastado da área”,
afirmou Christino.
Ao deixar o prédio, o
veículo conduzido por Fontes foi seguido por bandidos em uma caminhonete Hilux.
Câmeras de segurança registraram a perseguição: em alta velocidade, o
ex-delegado perdeu o controle no cruzamento e foi atingido por um ônibus,
capotando em seguida. Neste momento, os criminosos desceram armados de fuzis e
abriram fogo contra o carro.
Segundo o secretário-adjunto
da Segurança Pública, Oswaldo Nico Gonçalves, Fontes reagiu e conseguiu ferir
ao menos um dos atacantes. Um cerco policial foi montado na Baixada Santista
para localizar os envolvidos.
Conhecido pelo combate
direto ao crime organizado, especialmente ao Primeiro Comando da Capital (PCC),
Ruy Fontes chefiou a Polícia Civil de São Paulo entre 2019 e 2022, nomeado
ainda no governo de João Doria.
Sua trajetória de
enfrentamento ao PCC remonta a 2006, quando foi o responsável por indiciar toda
a cúpula da facção criminosa, incluindo o líder Marco Willians Herbas Camacho,
o Marcola, antes da transferência dos criminosos para a Penitenciária 2 de
Presidente Venceslau.
Em 2010, escapou de uma
tentativa de assassinato planejada por integrantes da facção, quando atuava no
69º DP, na Cohab Teotônio Vilela. Antes disso, havia chefiado a Delegacia de
Roubo a Bancos do Deic, setor que o colocou na linha de frente da repressão ao
crime organizado.
Fontes também comandou o Departamento
de Narcóticos, onde conduziu a primeira grande investigação contra Gilberto
Aparecido dos Santos, o Fuminho, considerado o maior narcotraficante do PCC. A
apuração resultou na prisão do criminoso em Moçambique, em 2020.
Em 2019, já como
delegado-geral, esteve à frente da delicada operação que transferiu Marcola e
outros líderes do PCC para presídios federais de segurança máxima.
A polícia investiga se o
atentado tem ligação direta com o PCC. Uma das linhas de apuração aponta para a
possível participação da Sintonia Restrita, braço armado da facção responsável
por planos anteriores de atentados contra autoridades como o ex-juiz Sérgio
Moro e o promotor Lincoln Gakiya, do Gaeco.
“Ainda não podemos
afirmar. Mas vamos tentar localizar esse bandido que ele teria baleado”,
afirmou o delegado Nico.
A morte de Ruy Ferraz Fontes marca um duro golpe na segurança pública e reacende o alerta sobre a ofensiva de organizações criminosas contra agentes do Estado. Respeitado dentro e fora da corporação, Ruy era visto como símbolo de resistência à escalada de poder do PCC e deixa um legado de investigações que enfraqueceram a facção ao longo das últimas décadas.
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