domingo, 31 de agosto de 2025

Governadores do Nordeste rebatem críticas de Romeu Zema contra os nordestinos

                 O Consórcio Interestadual de Desenvolvimento Sustentável do Nordeste (Consórcio Nordeste) divulgou, na sexta-feira (29), uma nota pública contundente em resposta às recentes declarações do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo). No documento, os nove governadores nordestinos classificam as falas do mineiro como “insultos” aos estados e cidadãos da região, defendendo que o Brasil “só avançará com cooperação federativa, respeito e verdade”.

A nota apresenta um conjunto de dados que, segundo os gestores, desmontam a narrativa atribuída a Zema, de que o Nordeste seria responsável por desequilíbrios na federação.

O texto destaca que, em 2024, o BNDES desembolsou R$ 133,7 bilhões, dos quais 73% foram destinados ao Sul e ao Sudeste. Minas Gerais, por exemplo, recebeu sozinho R$ 12,7 bilhões, ocupando a 4ª posição entre os estados mais beneficiados. O Nordeste, por sua vez, ficou com R$ 13,3 bilhões, menos do que Minas Gerais isoladamente.

Nos Gastos Tributários federais, a previsão para 2025 é de R$ 536,4 bilhões em renúncia fiscal. Desse total, R$ 256,2 bilhões se concentram no Sudeste e R$ 89,3 bilhões no Sul, enquanto o Nordeste terá acesso a R$ 79,3 bilhões. Em termos proporcionais, as regiões Norte (75,6%) e Nordeste (37,2%) são as que mais dependem desses mecanismos, o que, segundo os governadores, reforça o papel redistributivo estabelecido pela Constituição Federal.

Outro ponto contestado pelos gestores é a ideia de que o Nordeste seria responsável pelo endividamento da União. De acordo com a nota, 92% da dívida pública estadual com a União está concentrada no Sul e Sudeste, enquanto o Nordeste responde por apenas 3%.

O documento também resgata aspectos históricos, lembrando que o Estado brasileiro privilegiou, desde o período colonial, o eixo Sul-Sudeste com infraestrutura, crédito e investimentos industriais, enquanto o Nordeste enfrentou migrações forçadas, seca e desestruturação agrária.

A nota também rebate o argumento de que programas sociais criariam dependência na região. Governadores defendem que iniciativas como Bolsa Família, BPC e Garantia Safra funcionam como colchão de proteção em tempos de crise, além de gerarem efeitos multiplicadores na economia local.

“O Nordeste nunca reivindicou esmolas, mas lutou pela criação de políticas de desenvolvimento regional capazes de valorizar suas potencialidades e apoiar seus empreendedores”, afirma o documento, assinado pelos nove governadores, entre eles o presidente do Consórcio, Rafael Fonteles (PI).

Com o manifesto, os gestores nordestinos reforçam uma posição de unidade política frente às tensões federativas, buscando reafirmar o papel da região na construção de um país mais equilibrado. 

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