quarta-feira, 20 de agosto de 2025

Denúncia na Alepe expõe secretário de Raquel Lyra como suposto articulador de “milícia digital”

                A Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) foi palco, nesta quarta-feira (20), de uma grave denúncia envolvendo diretamente um integrante do governo Raquel Lyra (PSD). O presidente da Casa, deputado Álvaro Porto (PSDB), acusou o secretário-executivo de Informações Estratégicas, Manoel Pires Medeiros Neto, de comandar uma estrutura de “milícia digital” voltada para atacar adversários políticos e membros de órgãos de controle.

Segundo Porto, a denúncia surgiu após investigação interna conduzida pela Superintendência de Inteligência Legislativa, que teria identificado Manoel como autor de um dossiê anônimo contra a deputada Dani Portela (PSOL). O documento, que circulou entre parlamentares, expunha informações pessoais da deputada e de sua família, incluindo filhos e enteados menores de idade.

De acordo com a apuração apresentada, no último dia 9 de agosto, Manoel Medeiros teria utilizado uma lan house no Shopping RioMar para preparar o material, posteriormente gravado em um pendrive. Imagens do circuito de monitoramento, exibidas durante a sessão, mostrariam o servidor no momento da ação.

Além do episódio envolvendo a deputada do PSOL, o secretário também foi apontado como “mentor intelectual” de uma rede de perfis anônimos em redes sociais, supostamente financiados para difamar parlamentares da Alepe, além de integrantes do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) e do Tribunal de Contas do Estado (TCE-PE).

Álvaro Porto destacou a proximidade de Manoel com a governadora Raquel Lyra e a vice-governadora Priscila Krause, lembrando que o secretário foi assessor direto de Krause por mais de uma década e chegou a integrar a equipe de transição do governo.

“Se a governadora e a sua vice vêm se valendo de um servidor público para tentar coagir ou constranger uma deputada estadual no cumprimento da sua função fiscalizadora, trata-se de situação absurda e alarmante”, afirmou o presidente da Alepe em tom duro.

A denúncia gerou forte repercussão entre os parlamentares. Deputados da base governista afirmaram acreditar que Raquel Lyra desconhecia as ações de seu auxiliar, mas defenderam que o caso seja apurado com rigor. Já os oposicionistas reforçaram a gravidade do vínculo político de Manoel com as duas principais lideranças do Executivo estadual.

Todos os parlamentares manifestaram solidariedade a Dani Portela e cobraram providências imediatas, incluindo a possibilidade de exoneração do secretário.

Em discurso emocionado, a deputada Dani Portela afirmou que o episódio ultrapassou os limites da disputa política e atingiu sua família.

“Não se trata apenas de mim. Hoje foi contra mim, amanhã pode ser contra qualquer um de Vossas Excelências que tenha coragem de fazer oposição. Meus filhos e enteados menores foram expostos em um dossiê de denúncias falsas e eu ainda sofri ameaças”, disse a parlamentar, reforçando que irá acionar o delegado-geral do Estado para abertura de um inquérito criminal contra Manoel Medeiros.

A denúncia deverá ser analisada no âmbito da CPI em curso na Alepe, além de possíveis desdobramentos na esfera criminal. A pressão agora recai sobre o Palácio do Campo das Princesas, que ainda não se manifestou oficialmente sobre a permanência de Manoel no cargo.


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