Fonte: Blog do
jornalista Magno Martins
A crise política que assola
o Palácio do Campo das Princesas ganhou contornos ainda mais graves nesta
sexta-feira (15). Uma denúncia formal foi apresentada à OAB-PE contra a
advogada Manoela Álvarez Medeiros, apontada como participante de um esquema de
acesso irregular a processos do Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região.
Segundo a representação,
obtida pelo blog do jornalista Magno Martins, Manoela teria utilizado
credenciais e tokens de terceiros — incluindo o do renomado advogado e
ex-presidente da OAB/PE, Aluísio Xavier — para obter documentos sigilosos.
Esses materiais, de acordo com a acusação, teriam sido repassados ao primo Manoel
Pires Medeiros Neto, secretário-executivo de Informações Estratégicas do
governo Raquel Lyra, considerado peça-chave na comunicação estratégica do
Executivo estadual.
O objetivo, conforme a
denúncia, seria abastecer o chamado “Gabinete do Ódio”, estrutura
acusada de promover ataques virtuais contra opositores do governo,
especialmente adversários políticos ligados ao PSB e ao prefeito do Recife, João
Campos, líder nas pesquisas para a sucessão estadual.
“A conduta é ainda
mais grave pelo fato de que, em determinados acessos, a representada utilizou
tokens e credenciais de terceiros, violando normas de segurança do sistema
eletrônico processual e configurando possível ilícito penal. Há fortes indícios
de que os documentos obtidos de forma irregular foram deliberadamente
repassados à imprensa”, diz trecho da representação.
Fontes ouvidas pelo blog
afirmam que Manoela admitiu, no escritório onde atua, ter repassado
estrategicamente as informações ao primo, que desde 2023 opera do Palácio do
Campo das Princesas, liderando um aparato de comunicação acusado de disseminar
desinformação e de perseguir opositores. Antes disso, Manoel Medeiros Neto foi
assessor direto da vice-governadora Priscila Krause.
Deputados estaduais de
oposição têm intensificado as acusações sobre a existência de uma “milícia
digital” mantida com recursos públicos, supostamente sob o comando da
Casa Civil. O presidente da Assembleia Legislativa, Álvaro Porto, já afirmou em
plenário que essa estrutura atua para desestabilizar o Parlamento, membros do
Tribunal de Contas e críticos da gestão Raquel Lyra.
Entre as ações atribuídas a
esse grupo está a ofensiva contra o advogado João Guilherme Ferraz, autor da
representação contra Manoela Medeiros. Ferraz é ex-secretário do Gabinete de
Governo da Prefeitura do Recife e afirma não ter ligação com contratos citados
por blogs alinhados ao governo.
O caso também respinga na CPI
do Bilhão, instaurada na Alepe para investigar supostas irregularidades no
contrato de publicidade de R$ 1,2 bilhão firmado pela gestão Raquel Lyra. Entre
os investigados está um parente próximo da governadora, reforçando a suspeita
de que a comunicação oficial estaria sendo usada com finalidades políticas e
pessoais.
A denúncia contra Manoela
Medeiros, portanto, não é um episódio isolado. Ela pode ser a ponta de um
escândalo que ameaça comprometer toda a estrutura de comunicação do governo
estadual, levantando questionamentos sobre o uso de recursos públicos para
blindagem política e perseguição de adversários.
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