sexta-feira, 15 de agosto de 2025

Denúncia contra advogada ligada ao governo Raquel expõe suposto esquema de espionagem e ataques virtuais

Fonte: Blog do jornalista Magno Martins

A crise política que assola o Palácio do Campo das Princesas ganhou contornos ainda mais graves nesta sexta-feira (15). Uma denúncia formal foi apresentada à OAB-PE contra a advogada Manoela Álvarez Medeiros, apontada como participante de um esquema de acesso irregular a processos do Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região.

Segundo a representação, obtida pelo blog do jornalista Magno Martins, Manoela teria utilizado credenciais e tokens de terceiros — incluindo o do renomado advogado e ex-presidente da OAB/PE, Aluísio Xavier — para obter documentos sigilosos. Esses materiais, de acordo com a acusação, teriam sido repassados ao primo Manoel Pires Medeiros Neto, secretário-executivo de Informações Estratégicas do governo Raquel Lyra, considerado peça-chave na comunicação estratégica do Executivo estadual.

O objetivo, conforme a denúncia, seria abastecer o chamado “Gabinete do Ódio”, estrutura acusada de promover ataques virtuais contra opositores do governo, especialmente adversários políticos ligados ao PSB e ao prefeito do Recife, João Campos, líder nas pesquisas para a sucessão estadual.

“A conduta é ainda mais grave pelo fato de que, em determinados acessos, a representada utilizou tokens e credenciais de terceiros, violando normas de segurança do sistema eletrônico processual e configurando possível ilícito penal. Há fortes indícios de que os documentos obtidos de forma irregular foram deliberadamente repassados à imprensa”, diz trecho da representação.

Fontes ouvidas pelo blog afirmam que Manoela admitiu, no escritório onde atua, ter repassado estrategicamente as informações ao primo, que desde 2023 opera do Palácio do Campo das Princesas, liderando um aparato de comunicação acusado de disseminar desinformação e de perseguir opositores. Antes disso, Manoel Medeiros Neto foi assessor direto da vice-governadora Priscila Krause.

Deputados estaduais de oposição têm intensificado as acusações sobre a existência de uma “milícia digital” mantida com recursos públicos, supostamente sob o comando da Casa Civil. O presidente da Assembleia Legislativa, Álvaro Porto, já afirmou em plenário que essa estrutura atua para desestabilizar o Parlamento, membros do Tribunal de Contas e críticos da gestão Raquel Lyra.

Entre as ações atribuídas a esse grupo está a ofensiva contra o advogado João Guilherme Ferraz, autor da representação contra Manoela Medeiros. Ferraz é ex-secretário do Gabinete de Governo da Prefeitura do Recife e afirma não ter ligação com contratos citados por blogs alinhados ao governo.

O caso também respinga na CPI do Bilhão, instaurada na Alepe para investigar supostas irregularidades no contrato de publicidade de R$ 1,2 bilhão firmado pela gestão Raquel Lyra. Entre os investigados está um parente próximo da governadora, reforçando a suspeita de que a comunicação oficial estaria sendo usada com finalidades políticas e pessoais.

A denúncia contra Manoela Medeiros, portanto, não é um episódio isolado. Ela pode ser a ponta de um escândalo que ameaça comprometer toda a estrutura de comunicação do governo estadual, levantando questionamentos sobre o uso de recursos públicos para blindagem política e perseguição de adversários.

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