Aprovada em clima de
urgência, a emenda alterou os artigos 31 e 32 da Lei Orgânica de Buíque. O
ponto central é que, em caso de cassação da presidente da Câmara ou perda do
mandato por decisão judicial, o que pode acontecer a qualquer momento, o cargo
passa a ser automaticamente ocupado pelo vice-presidente da Casa, aliado direto
do governo municipal. Para isso, colocaram na lei a questão de "cassação", não
existente na lei aprovada após a promulgação da Constituição de 1988.
Na prática, a medida elimina
a possibilidade de eleição interna para substituição, garantindo controle
político sobre a presidência do Legislativo em qualquer cenário de vacância, já
que com a cassação dos vereadores emedebistas cinco novos parlamentares irão assumir as cadeiras vazias. Apenas
três vereadores votaram contra a “aberração política”: Dascio Júnior, Michelle
Brito e Weldson Neto.
Cinco vereadores do MDB — Peba do Carneiro, Dodó, Preto Kapinawá, Daidson Amorim e Aline de Toinho (atual presidente da Casa) — podem ter seus mandatos cassados. O Ministério Público Eleitoral (MPE) apresentou parecer contundente apontando fraude à cota de gênero nas eleições de 2024, pedindo a anulação de todos os votos do partido e, consequentemente, a perda de mandatos de eleitos e suplentes. O caso está em julgamento no Tribunal Regional Eleitoral (TRE-PE) e pode alterar de forma drástica a configuração do Legislativo municipal.
A manobra desta quarta-feira
(27) acontece meses depois de outra polêmica. Ainda no início deste ano, a
Câmara de Buíque havia eleito, de uma só vez, as mesas diretoras dos dois
biênios da legislatura — prática considerada inconstitucional pelo Supremo
Tribunal Federal (STF). Em decisão já consolidada, o STF determinou que a
eleição para o segundo biênio só pode ocorrer a partir de outubro do ano
anterior ao seu início, em respeito ao equilíbrio político e à
representatividade. Com a nova emenda, mais uma vez o Legislativo local
demonstra ignorar os limites impostos pela Corte Suprema e fazer do casuísmo político
uma prática.
A aprovação da medida gerou
imediata reação de opositores. O ex-candidato a prefeito Jobson Camelo (VÍDEO ABAIXO),
presente à sessão, classificou a emenda como uma “aberração política”
e anunciou que ingressará com representação contra o dispositivo. Para ele, a
mudança não visa o fortalecimento institucional da Câmara, mas sim a
preservação do poder de um grupo diante da possibilidade concreta de cassações.
Se confirmada pelo TRE-PE a
fraude na cota de gênero, a Câmara de Buíque passará por profunda
reconfiguração. E, com a nova regra em vigor, o governo municipal já se
assegura de que, independentemente do resultado, a presidência da Casa
continuará sob o controle de aliados.
O episódio reforça a
percepção de que, em Buíque, o casuísmo legislativo continua sendo um
instrumento a serviço da manutenção do poder, ainda que em desacordo com
princípios constitucionais e decisões do Supremo.
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