Por Djnaldo Galindo
O mote de que “o poder corrompe e o poder absoluto corrompe absolutamente” materializa-se de forma crua no cenário em que um prefeito, blindado por um legislativo municipal subserviente, age como soberano de um pequeno feudo. A ausência de uma oposição efetiva, longe de ser um sinal de paz política, é o sintoma de uma democracia doente, onde o consenso forjado pela cooptação substitui o debate público. Nesse vácuo de controles e contrapesos, a autoridade executiva se sente emancipada da lei, transformando o interesse público em vontade pessoal.
Aproveitando-se desse
ambiente de impunidade, o gestor recorre a um cinismo perverso: instrumentaliza
uma recomendação do Ministério Público – instituição que deveria ser guardiã da
lei – para justificar uma repressão brutal e desproporcional. Sob o pretexto de
"ordenar o espaço urbano", desfere a violência do Estado contra os
mais vulneráveis: os comerciantes ambulantes. A força, que deveria ser o último
recurso, torna-se a primeira e única linguagem, revelando que o verdadeiro
objetivo não é cumprir a lei, mas sim demonstrar domínio e esmagar qualquer
resquício de dissidência.
Assim, a cidade testemunha a completa degeneração do poder, que, uma vez absoluto, não hesita em oprimir em nome de uma suposta ordem. A cena de violência patrocinada pelo poder público não é apenas um abuso, mas a negação da própria comunidade política. Ao final, ecoa a pergunta eterna e desoladora de Diógenes, que com sua lâmpada não busca um cidadão, mas a simples humanidade perdida: há ainda um homem em Arcoverde?
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