terça-feira, 9 de setembro de 2025

Itamaraty reage a fala da Casa Branca e condena “ameaças de uso da força” contra o Brasil

                O clima diplomático entre Brasil e Estados Unidos ganhou contornos de tensão nesta terça-feira (9), após declarações da porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, em entrevista coletiva em Washington. Questionada sobre a possibilidade de condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal (STF), a representante do governo norte-americano afirmou que o presidente Donald Trump “não tem medo de usar meios militares para proteger a liberdade de expressão”.

A declaração provocou reação imediata do Ministério das Relações Exteriores (MRE), que divulgou nota oficial condenando o tom da fala de Leavitt.

Em seu comunicado, o Itamaraty classificou como inaceitável qualquer tipo de sanção econômica ou ameaça de uso da força contra o país. “O primeiro passo para proteger a liberdade de expressão é justamente defender a democracia e respeitar a vontade popular expressa nas urnas. É esse o dever dos três Poderes da República, que não se intimidarão por qualquer forma de atentado à nossa soberania”, destacou o ministério.

O texto ainda reforçou que “o governo brasileiro repudia a tentativa de forças antidemocráticas de instrumentalizar governos estrangeiros para coagir as instituições nacionais”.

Além da manifestação oficial do Itamaraty, o episódio repercutiu no cenário político nacional. A ministra-chefe das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, elevou o tom e chamou a fala de Leavitt de “inadmissível”.

Em publicação nas redes sociais, Gleisi acusou aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro de conspirarem contra o país com apoio externo. “A conspiração da família Bolsonaro contra o Brasil chegou ao cúmulo hoje, com a declaração da porta-voz de Donald Trump de que os EUA podem usar até força militar contra o nosso país. Não bastam as tarifas contra nossas exportações, as sanções ilegais contra ministros do governo, do STF e suas famílias, agora ameaçam invadir o Brasil para livrar Jair Bolsonaro da cadeia. Isso é totalmente inadmissível”, escreveu.

A polêmica surge em meio ao julgamento no STF envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro, que enfrenta processos por ataques às instituições democráticas e já teve dois votos condenatórios (Alexandre de Moraes e Flávio Dino). No campo internacional, o episódio coloca em xeque a relação diplomática entre Brasília e Washington, historicamente marcada por cooperação, mas que agora enfrenta um de seus momentos mais delicados.

Especialistas em política externa alertam que o endurecimento do discurso da Casa Branca pode abrir espaço para uma crise diplomática sem precedentes recentes, colocando a soberania brasileira no centro do debate global sobre democracia, liberdade de expressão e ingerência internacional. 

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