Rodrik, que é codiretor do Programa
Reimagining the Economy da Kennedy School e da rede Economics for Inclusive
Prosperity, além de ter presidido a Associação Econômica Internacional entre
2021 e 2023, afirmou que os objetivos declarados por Trump — como reconstruir a
indústria nacional e fortalecer a classe média — dificilmente serão alcançados
com medidas protecionistas desse tipo.
“Há uma boa chance de
que, no final das contas, isso seja autodestrutivo. O problema com a América de
Trump não é o nacionalismo econômico, é que ele não está adotando políticas que
sejam nacionalistas o suficiente. Na verdade, não está claro de quem é o
interesse que ele defende, mas certamente não é o interesse econômico
americano”, destacou Rodrik.
As declarações foram dadas
durante o seminário Globalização, Desenvolvimento e Democracia, realizado no
Rio de Janeiro, em parceria entre o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico
e Social (BNDES) e a Open Society Foundations.
O Brasil está entre os
países diretamente afetados pelo chamado “tarifaço” de Trump. No último dia 6
entrou em vigor uma tarifa de 50% sobre parte das exportações brasileiras para
os Estados Unidos. De acordo com o governo federal, a medida — assinada em 30
de julho — atinge 35,9% dos produtos exportados ao mercado norte-americano, o
que representa cerca de 4% do total das vendas externas brasileiras.
Para atenuar os efeitos da
medida, cerca de 700 produtos foram incluídos em uma lista de exceções, ficando
de fora da sobretaxa. Além disso, o governo brasileiro lançou, no último dia
13, o Plano Brasil Soberano, voltado para reduzir os impactos da política
americana sobre a produção nacional e estimular alternativas de exportação.
Segundo Rodrik, os efeitos
negativos não se restringem ao Brasil e aos demais parceiros comerciais. Nos
Estados Unidos, a medida pode até gerar aumento de arrecadação e, em alguns
casos, maior margem de lucro para empresas locais, mas isso não significa benefícios
concretos para os trabalhadores.
“O simples aumento da
receita ou dos ganhos empresariais não se traduz, necessariamente, em empregos
de qualidade ou bem remunerados. Sem isso, dificilmente haverá melhora na
qualidade de vida da população, sobretudo da classe média americana”,
avaliou o economista.
Para ele, as tarifas impostas por Trump não fortalecem a economia de maneira sustentável e podem acabar enfraquecendo a posição dos próprios Estados Unidos no comércio internacional.
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