sábado, 23 de agosto de 2025

Economista de Harvard critica tarifas de Trump e alerta para efeitos autodestrutivos

              A política de tarifas adotada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a ser alvo de críticas no cenário internacional. De acordo com o economista Dani Rodrik, professor da Universidade de Harvard e referência mundial em economia do desenvolvimento, os sucessivos aumentos de tarifas de importação impostos por Washington são ineficazes e podem até prejudicar os próprios americanos.

Rodrik, que é codiretor do Programa Reimagining the Economy da Kennedy School e da rede Economics for Inclusive Prosperity, além de ter presidido a Associação Econômica Internacional entre 2021 e 2023, afirmou que os objetivos declarados por Trump — como reconstruir a indústria nacional e fortalecer a classe média — dificilmente serão alcançados com medidas protecionistas desse tipo.

“Há uma boa chance de que, no final das contas, isso seja autodestrutivo. O problema com a América de Trump não é o nacionalismo econômico, é que ele não está adotando políticas que sejam nacionalistas o suficiente. Na verdade, não está claro de quem é o interesse que ele defende, mas certamente não é o interesse econômico americano”, destacou Rodrik.

As declarações foram dadas durante o seminário Globalização, Desenvolvimento e Democracia, realizado no Rio de Janeiro, em parceria entre o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a Open Society Foundations.

O Brasil está entre os países diretamente afetados pelo chamado “tarifaço” de Trump. No último dia 6 entrou em vigor uma tarifa de 50% sobre parte das exportações brasileiras para os Estados Unidos. De acordo com o governo federal, a medida — assinada em 30 de julho — atinge 35,9% dos produtos exportados ao mercado norte-americano, o que representa cerca de 4% do total das vendas externas brasileiras.

Para atenuar os efeitos da medida, cerca de 700 produtos foram incluídos em uma lista de exceções, ficando de fora da sobretaxa. Além disso, o governo brasileiro lançou, no último dia 13, o Plano Brasil Soberano, voltado para reduzir os impactos da política americana sobre a produção nacional e estimular alternativas de exportação.

Segundo Rodrik, os efeitos negativos não se restringem ao Brasil e aos demais parceiros comerciais. Nos Estados Unidos, a medida pode até gerar aumento de arrecadação e, em alguns casos, maior margem de lucro para empresas locais, mas isso não significa benefícios concretos para os trabalhadores.

“O simples aumento da receita ou dos ganhos empresariais não se traduz, necessariamente, em empregos de qualidade ou bem remunerados. Sem isso, dificilmente haverá melhora na qualidade de vida da população, sobretudo da classe média americana”, avaliou o economista.

Para ele, as tarifas impostas por Trump não fortalecem a economia de maneira sustentável e podem acabar enfraquecendo a posição dos próprios Estados Unidos no comércio internacional. 

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