terça-feira, 27 de maio de 2025

Crise no Sassepe: Servidores de Pernambuco denunciam falta de assistência e recorrem ao SUS

Sistema que atende mais de 160 mil beneficiários enfrenta denúncias de demora, cotas de exames, descredenciamento de clínicas e agravamento de casos clínicos

O Sistema de Assistência à Saúde dos Servidores do Estado de Pernambuco (Sassepe), que deveria garantir atendimento médico a cerca de 162 mil servidores estaduais ativos, inativos e seus dependentes, tem sido alvo de fortes críticas e denúncias por parte dos usuários. A promessa de uma cobertura eficiente e digna tem sido substituída por relatos de demora, falhas no atendimento e falta de especialistas, levando muitos a recorrerem ao Sistema Único de Saúde (SUS) — mesmo com os descontos do plano sendo efetuados diretamente na folha de pagamento.

As queixas são diversas, mas apontam para um problema comum: a falta de acesso a serviços essenciais de saúde. Os relatos incluem espera excessiva para consultas, exames limitados por cotas mensais e até a ausência de atendimento oncológico, o que, segundo pacientes e representantes sindicais, tem provocado agravamento de quadros clínicos e a superlotação da emergência do Hospital dos Servidores.

A aposentada Luzia Oliveira afirma que a qualidade do serviço caiu drasticamente desde 2024. “Estou pagando para não ser atendida. Precisei de atendimento oftalmológico e não consegui marcar. A mesma coisa com dermatologia. Tive que procurar uma clínica particular”, contou.

Já Jeisiane Maria, que utiliza o plano para familiares, denuncia a dificuldade de marcação. “Consultas só são agendadas de madrugada e, mesmo assim, com um mês de antecedência. Além disso, várias clínicas foram descredenciadas. Um parente meu está em tratamento contra o câncer e teve que ser atendido pelo SUS porque o Sassepe não deu assistência”, lamenta.

A situação preocupa entidades representativas dos servidores. Para Florentina Cabral, diretora da Associação dos Servidores do Sassepe (Assepe) e representante do Sindicato dos Trabalhadores em Educação (Sintepe), o problema se agravou com a implantação de cotas de exames e consultas, o que prejudica o acompanhamento contínuo dos pacientes. “Sem atendimento básico, muitos acabam recorrendo à emergência quando o quadro se agrava. E isso tem superlotado o Hospital dos Servidores”, denuncia. Segundo ela, o tempo médio entre o pedido e a realização de um exame ou consulta pode chegar a 45 dias.

A situação fora da Região Metropolitana do Recife é ainda mais grave. Em municípios como Petrolina, Ouricuri e Caruaru, faltam prestadores de serviço — inclusive para procedimentos urgentes, como hemodiálise, o que coloca em risco a vida de pacientes crônicos e renais.

O cenário tem mobilizado os usuários a buscar canais oficiais de denúncia. De acordo com o Ministério Público de Pernambuco (MPPE), mais de 20 denúncias sobre o funcionamento do Sassepe foram registradas apenas em 2025, a maioria relacionada à ausência de atendimento, negativa de cobertura e demora para realização de exames e cirurgias.

Em nota, o Sassepe nega a existência de cotas por beneficiário, alegando que os agendamentos obedecem a uma “regulação conforme legislação interna”. O órgão também afirma que não houve redução na rede de prestadores, e que os atendimentos dependem da adesão de clínicas e empresas privadas, o que impacta a oferta de especialidades em algumas regiões. Em relação à denúncia feita ao MPPE, o plano declarou que o procedimento solicitado já foi realizado.

Apesar da resposta oficial, os relatos de usuários seguem se acumulando e colocando em xeque a eficácia de um sistema mantido com recursos públicos e contribuição direta dos servidores. Com informações do JC 

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