Sistema que atende mais de
160 mil beneficiários enfrenta denúncias de demora, cotas de exames,
descredenciamento de clínicas e agravamento de casos clínicos
O Sistema de Assistência à
Saúde dos Servidores do Estado de Pernambuco (Sassepe), que deveria garantir
atendimento médico a cerca de 162 mil servidores estaduais ativos, inativos e
seus dependentes, tem sido alvo de fortes críticas e denúncias por parte dos
usuários. A promessa de uma cobertura eficiente e digna tem sido substituída
por relatos de demora, falhas no atendimento e falta de especialistas, levando
muitos a recorrerem ao Sistema Único de Saúde (SUS) — mesmo com os descontos do
plano sendo efetuados diretamente na folha de pagamento.
As queixas são diversas, mas
apontam para um problema comum: a falta de acesso a serviços essenciais de
saúde. Os relatos incluem espera excessiva para consultas, exames limitados por
cotas mensais e até a ausência de atendimento oncológico, o que, segundo
pacientes e representantes sindicais, tem provocado agravamento de quadros
clínicos e a superlotação da emergência do Hospital dos Servidores.
A aposentada Luzia Oliveira
afirma que a qualidade do serviço caiu drasticamente desde 2024. “Estou
pagando para não ser atendida. Precisei de atendimento oftalmológico e não
consegui marcar. A mesma coisa com dermatologia. Tive que procurar uma clínica
particular”, contou.
Já Jeisiane Maria, que
utiliza o plano para familiares, denuncia a dificuldade de marcação. “Consultas
só são agendadas de madrugada e, mesmo assim, com um mês de antecedência. Além
disso, várias clínicas foram descredenciadas. Um parente meu está em tratamento
contra o câncer e teve que ser atendido pelo SUS porque o Sassepe não deu assistência”,
lamenta.
A situação preocupa
entidades representativas dos servidores. Para Florentina Cabral, diretora da
Associação dos Servidores do Sassepe (Assepe) e representante do Sindicato dos
Trabalhadores em Educação (Sintepe), o problema se agravou com a implantação de
cotas de exames e consultas, o que prejudica o acompanhamento contínuo dos
pacientes. “Sem atendimento básico, muitos acabam recorrendo à emergência
quando o quadro se agrava. E isso tem superlotado o Hospital dos Servidores”,
denuncia. Segundo ela, o tempo médio entre o pedido e a realização de um exame
ou consulta pode chegar a 45 dias.
A situação fora da Região
Metropolitana do Recife é ainda mais grave. Em municípios como Petrolina,
Ouricuri e Caruaru, faltam prestadores de serviço — inclusive para
procedimentos urgentes, como hemodiálise, o que coloca em risco a vida de
pacientes crônicos e renais.
O cenário tem mobilizado os
usuários a buscar canais oficiais de denúncia. De acordo com o Ministério
Público de Pernambuco (MPPE), mais de 20 denúncias sobre o funcionamento do
Sassepe foram registradas apenas em 2025, a maioria relacionada à ausência de
atendimento, negativa de cobertura e demora para realização de exames e
cirurgias.
Em nota, o Sassepe nega a
existência de cotas por beneficiário, alegando que os agendamentos obedecem a
uma “regulação conforme legislação interna”. O órgão também
afirma que não houve redução na rede de prestadores, e que os atendimentos
dependem da adesão de clínicas e empresas privadas, o que impacta a oferta de
especialidades em algumas regiões. Em relação à denúncia feita ao MPPE, o plano
declarou que o procedimento solicitado já foi realizado.
Apesar da resposta oficial,
os relatos de usuários seguem se acumulando e colocando em xeque a eficácia de
um sistema mantido com recursos públicos e contribuição direta dos servidores. Com informações do JC
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