segunda-feira, 26 de maio de 2025

AGU pede ao STF ação urgente contra redes sociais para conter fake news e violência digital

             A Advocacia-Geral da União (AGU) protocolou nesta segunda-feira (26) um pedido ao Supremo Tribunal Federal (STF) para que a Corte obrigue as plataformas de redes sociais que operam no Brasil a adotarem medidas imediatas para conter a disseminação de notícias falsas e coibir a violência digital. Segundo a AGU, a solicitação é motivada pela omissão recorrente das plataformas em remover conteúdos fraudulentos e potencialmente perigosos, descumprindo seus deveres de prevenção, precaução e segurança.

Um dos principais exemplos citados pela AGU é a proliferação de anúncios falsos envolvendo o INSS, que têm usado indevidamente imagens manipuladas de autoridades públicas e logotipos oficiais do governo federal. As fraudes estariam ligadas à Operação Sem Desconto, que investiga descontos ilegais realizados por associações em aposentadorias de beneficiários do INSS.

Levantamento feito na biblioteca de anúncios da empresa Meta, responsável pelo Facebook e Instagram, identificou mais de 300 anúncios fraudulentos que prometem falsas indenizações. A AGU destaca que essas campanhas enganosas seguem no ar, mesmo após denúncias.

A petição também menciona casos recentes de violência digital, como o trágico episódio da morte de uma criança de 8 anos no Distrito Federal, em abril. A vítima teria participado do chamado “desafio do desodorante”, incentivado por meio de plataformas como Kwai e TikTok, onde crianças são estimuladas a inalar o spray de aerossóis, o que pode levar à morte por asfixia ou parada cardíaca.

A AGU alerta que esse tipo de conteúdo é facilmente acessível, sem mecanismos eficazes de bloqueio por parte das empresas.

A AGU cita ainda uma reportagem do jornal norte-americano The Wall Street Journal, publicada em 15 de maio, segundo a qual a Meta teria conhecimento da veiculação de conteúdos fraudulentos e mesmo assim não atuaria com rigor. A reportagem aponta que uma análise interna da empresa em 2022 revelou que 70% dos anúncios recentes promoviam golpes, produtos ilegais ou de qualidade duvidosa.

Ainda segundo os documentos citados pelo jornal, a Meta resiste em remover esses conteúdos por razões financeiras: a empresa faturou US$ 160 bilhões com publicidade em 2023, um crescimento de 22% em relação ao ano anterior. Em média, seriam necessárias entre 8 e 32 infrações para banir uma conta fraudulenta.

No pedido ao STF, a AGU defende que as empresas de tecnologia devem ser responsabilizadas mesmo sem notificação judicial prévia, especialmente quando moderam, impulsionam ou recomendam conteúdos ilegais. A ação pede uma medida cautelar com caráter urgente, exigindo que as redes adotem políticas mais eficazes de moderação e exclusão de conteúdos nocivos à população brasileira.

A movimentação da AGU se soma ao crescente debate sobre a regulação das big techs, especialmente diante do impacto das redes sociais na desinformação, fraudes financeiras e estímulo a comportamentos de risco entre crianças e adolescentes. O Supremo ainda não se manifestou sobre o pedido. 

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