O líder do PL na Câmara,
deputado Sóstenes Cavalcante (RJ), conseguiu as assinaturas necessárias para
aprovar o regime de urgência ao Projeto de Lei de autoria de Major Vitor Hugo
(PL-GO), que pretende anistiar “todos os que tenham participado de
manifestações em qualquer lugar do território nacional” desde o dia 30 de
outubro de 2022 — data do segundo turno das eleições presidenciais.
O requerimento recebeu mais
de 257 assinaturas — número mínimo exigido —, sendo 89 apenas do PL, o maior
partido da oposição. A lista inclui ainda apoio de deputados do União Brasil
(39), PP (34), Republicanos (26), PSD (23) e MDB (21). A aprovação da urgência
permite que o projeto vá diretamente ao plenário, ignorando as comissões
permanentes, o que acelera significativamente sua tramitação.
Anistia pode beneficiar
Bolsonaro e reescrever história do golpe
Além de abrir caminho para
perdoar centenas de réus condenados ou em julgamento por atos antidemocráticos,
o projeto de anistia também pode beneficiar o próprio Jair Bolsonaro, que é réu
no STF acusado de tentar promover uma ruptura institucional, conforme denúncia
da Procuradoria-Geral da República.
A proposta é uma das
principais bandeiras do ex-presidente e, se aprovada, poderá apagar
judicialmente os rastros de uma tentativa de golpe que colocou em risco o
Estado Democrático de Direito.
Apesar do apoio à urgência, nem
todos os signatários endossam o conteúdo do projeto. Segundo levantamento do
Estadão, 201 deputados são favoráveis à anistia, enquanto 127 são contrários e 105
preferiram não se posicionar. Curiosamente, o apoio ao mérito da proposta cai
quando é levantada a possibilidade de que Bolsonaro seja um dos beneficiários
diretos da anistia.
Democracia em risco: uma
mensagem perigosa
A movimentação em torno do
projeto levanta sérias preocupações entre juristas, acadêmicos e defensores dos
direitos democráticos. A aprovação de uma medida como essa enviaria um sinal
preocupante de que atos violentos contra as instituições democráticas podem ser
tolerados ou até perdoados, desde que tenham motivação política.
A decisão de pautar o projeto em plenário agora está nas mãos do presidente da Câmara, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB). O futuro da proposta, porém, será um termômetro importante da resistência ou da conivência do Congresso com ações que flertam com a impunidade institucionalizada, o confronto direto com o Judiciário e a fragilização das instituições democráticas no Brasil.
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