Para começar, os três ouros
brasileiros em Paris foram de mulheres: Beatriz Souza no judô, Rebeca Andrade
na ginástica artística e a a dupla Duda e Ana Patrícia no vôlei de praia. Doze
das vinte medalhas foram de esportistas femininas. Um décimo terceiro pódio, o
das equipes no judô, não foi obra 100% das mulheres, mas com participação
importante delas. Há três anos, em Tóquio, os pódios femininos representaram
43% do total do Brasil. No Rio, há oito, 26%.
Curiosamente, elas também se
sobressaíram nos outros naipes de medalhas: foram mais pratas (quatro contra
três) e mais bronzes (cinco contra quatro) femininos do que masculinos.Como era
de se esperar, na coletiva de imprensa convocada pelo COB neste domingo (11)
para realizar um balanço da campanha brasileira em Paris, o assunto foi
abordado.
“Há dois ciclos olímpicos, o
COB começou a investir especificamente nas mulheres. Não só atletas, mas também
para tentar aumentar o número de treinadoras e gestoras. O que vimos aqui em
Paris no esporte reflete o que está acontecendo na sociedade: a mulher cada vez
mais se fortalecendo” disse Mariana Mello, subchefe da Missão Paris 2024 e
gerente de Planejamento e Desempenho Esportivo do Comitê Olímpico do Brasil
(COB), durante a coletiva .
O chefe da missão e
diretor-geral do COB, o ex-medalhista olímpico Rogério Sampaio, também destacou
a performance das mulheres brasileiras.”Queremos sempre ultrapassar barreiras,
quebrar recordes, vencer sempre. Acho que nesses Jogos Olímpicos conseguimos
quebrar alguns desses recordes, algumas dessas barreiras, principalmente no que
diz respeito ao esporte feminino, o que nos deixa bastante satisfeitos”,
afirmou Sampaio.
A cada conquista feminina do
Brasil em Paris, o impacto destas medalhas no desempenho geral do país, assim
como em seu histórico, se afirmava com mais força. Foi na capital francesa que,
por exemplo, a ginasta Rebeca Andrade saiu de um dos principais nomes do
esporte brasileiro para se tornar a maior medalhista olímpica do Brasil em
todos os tempos. Seus quatro pódios em Paris (um ouro, duas pratas e um bronze)
levaram a paulista a seis no total, ultrapassando Robert Scheidt e Torben
Grael, antigos detentores da posição.”Para mim é uma honra ser mulher preta e
hoje estar onde eu estou: no topo do mundo”, disse Rebeca.
No surfe, a prata de Tatiana
Weston-Webb foi a primeira medalha de uma mulher brasileira na modalidade. Um
dos esportes que mais cresce no país, o surfe do Brasil se afirmou como
potência entre os homens, com sete dos últimos nove títulos mundiais. No
entanto, entre as mulheres, nunca chegou lá. O resultado de Weston-Webb foi o
melhor do Brasil em Paris e pode abrir caminho para uma nova era do surfe
feminino. ”Sinto nada mais do que orgulho de representar as meninas,
especialmente o surfe no Brasil. Espero que isso inspire várias meninas a
surfarem e irem atrás dos seus sonhos”, declarou a surfista após a conquista da
prata.
O ouro conquistado por Duda
e Ana Patrícia deu fim a um jejum de 28 anos sem mulheres brasileiras subirem
ao lugar mais alto do pódio no vôlei de praia olímpico. Porém, enquanto a
vitória em 2024 era a afirmação do crescente impacto feminino no esporte
brasileiro, em Atlanta-1996 as duas medalhas do vôlei de praia do Brasil – ouro
para Jacqueline e Sandra e prata para Mônica e Adriana Samuel – eram
literalmente os primeiros pódios de mulheres brasileiras em Olimpíadas.
Com mais oportunidades vêm mais resultados. É o que pensa a boxeadora Bia Ferreira, que em Paris acrescentou um bronze à sua coleção olímpica, que contava com uma prata obtida em Tóquio. “As mulheres sempre trouxeram bons resultados. Temos grandes atletas de referência feminina, só que tínhamos um número menor. Acredito que era por isso que não tinha mais resultados. Então quanto mais oportunidades vierem e mais mulheres se classificarem, automaticamente vamos trazer resultados”, expôs a atleta. Da Agencia Brasil Foto: Alexandre Loureiro e Luiza Morais/COB
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