Era final de novembro de
2022. No mesmo endereço havia funcionado o comitê de campanha de Jair Bolsonaro
– bancado, obviamente, pelo PL. Após a derrota, por lá se mantiveram – bem
operantes, como se diz no jargão militar – alguns dos mais importantes homens
do (ainda) presidente.
Walter Braga Netto, o
general que fora candidato a vice e tinha esperança na virada de mesa, era o
chefão do QG, sempre ladeado pelo séquito de oficiais do Exército que o
acompanhava.
O general recebia convidados
freneticamente. A coluna montou campana na frente da casa e pôde
atestar, à época, a conexão direta entre a turma que batia ponto no endereço e
o acampamento montado na frente do Forte Apache, como é chamado o complexo no
Setor Militar Urbano onde funciona o comando do Exército.
Em caminhonetes turbinadas e
decoradas com bandeiras do Brasil, lideranças do acampamento chegavam e saíam
com frequência. Tinham livre acesso à casa.
Além de Braga Netto, outro
personagem relevante da trama golpista, Filipe Martins, costumava frequentar o
QG no Lago Sul. Assessor especial de Bolsonaro, Martins foi o responsável,
segundo a Polícia Federal, por alinhavar a minuta do decreto do golpe.
Uma vertente que, ao menos
publicamente, ainda não entrou na alça de mira dos investigadores e que merece
ser devidamente esquadrinhada envolve a participação de parlamentares
bolsonaristas na maquinação que resultou no decreto.
A PF crava que a primeira
minuta do texto foi apresentada a Jair Bolsonaro no dia 19 de novembro, um
sábado, no Palácio da Alvorada. Aquela semana havia sido especialmente
movimentada na casa. Deputados e senadores bolsonaristas haviam passado por lá
– e para discutir justamente maneiras de colocar o resultado das urnas em
xeque.
Na quinta-feira, dia 17
(dois dias antes de a primeira versão do decreto ser levada a Bolsonaro no
Alvorada), passaram pela casa os deputados federais Marcel Van Hattem (Novo/RS)
e Osmar Terra (MDB/RS), conhecidos apoiadores do então presidente que, àquela
altura, estavam engajados no movimento para emparedar o Tribunal Superior
Eleitoral e questionar a higidez das urnas.
Senadores bolsonaristas também foram ao “QG do Golpe” naquele dia. Entre eles, Guaracy Silveira (PP/TO), suplente de Kátia Abreu que estava no exercício do mandato, e o cearense Eduardo Girão (à época no Podemos) – este, aliás, teria sido o responsável por levar outros congressistas, como Van Hattem, para falar com o general Braga Netto. Do Metrópoles
CURTA NOSSA FANPAGE E PERFIL
NO INSTAGRAM
Nenhum comentário:
Postar um comentário