quarta-feira, 18 de janeiro de 2023

Lula diz que entrevista que ficou com a impressão que era o começo de um golpe de Estado sobre atos terroristas em Brasília

                   O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse ter tido a "impressão" de que os atos terroristas registrados em Brasília, em 8 de janeiro, eram “o começo de um golpe de estado”. Essa é a primeira entrevista exclusiva desde que Lula assumiu o governo. A conversa foi com a comentarista Natuza Nery, da GloboNews, na manhã desta quarta-feira (18), no Palácio do Planalto.

Lula disse que teve a impressão de que os invasores das sedes dos Três Poderes estavam “acatando uma ordem e orientação” dada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

“Eu fiquei com a impressão que era o começo de um golpe de Estado. Eu fiquei com a impressão, inclusive, que o pessoal estava acatando ordem e orientação que o Bolsonaro deu durante muito tempo.”

“Muito tempo ele mandou invadir a Suprema Corte, muito tempo ele desacreditou do Congresso Nacional, muito tempo ele pedia que o povo andasse armado, que isso era democracia”, afirmou.

No dia 8 de janeiro, bolsonaristas radicais invadiram e depredaram o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (STF). Mais de 1,3 mil pessoas foram presas suspeitas de envolvimento nos atos.

Lula havia viajado para São Paulo no fim de semana em que os ataques aconteceram. O presidente afirmou que deixou Brasília com a informação de que estava “tudo tranquilo”.

Assim que ficou sabendo da invasão, Lula disse que ligou para o chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Gonçalves Dias, perguntando onde estavam os soldados.

“Eu não via soldado. Eu só via gente entrando. Eu não via soldado reagindo, não via soldado reagindo. Sabe? E ele dizia que tinha chamado soldado, que tinha chamado soldado. Ou seja, e esses soldados não apareciam. Eu fui ficando irritado porque não era possível a facilidade com que as pessoas invadiram o palácio do presidente da República.”

Lula afirmou que os vândalos não quebraram os vidros do Palácio do Planalto para entrar na sede do Poder Executivo.

“Eles entraram porque a porta estava aberta. Alguém de dentro do palácio abriu a porta para eles, só pode ter sido. Houve conivência de alguém que estava aqui dentro.”

Bolsonaro “sabia de tudo”

O presidente Lula elencou atitudes de Bolsonaro que o levaram a acreditar que os bolsonaristas radicais estavam seguindo orientações do ex-presidente. O petista citou, inclusive, a ida de Bolsonaro para Miami antes do fim do governo.

“Eu acho que a decisão dele de ficar quieto depois de perder as eleições, semanas e semanas sem falar nada. A decisão dele de tomar a decisão de não passar a faixa para mim, de ir embora para Miami como se estivesse fugindo com medo de alguma coisa e o silêncio dele mesmo depois do acontecimento daqui, me dava a impressão que ele sabia de tudo o que estava acontecendo, que ele tinha muito a ver com aquilo que estava acontecendo”, disse.

“Obviamente que quem vai provar isso são as investigações. Mas a impressão que me deixava era essa. Possivelmente esse Bolsonaro estivesse esperando voltar para o Brasil na glória de um golpe. Sabe? E eu, então, não podia permitir GLO. Eu tinha que tomar a decisão política e tomamos a decisão certa”, continuou.

Para Lula, a tentativa de golpe de Estado não vingou por causa das reações dos Três Poderes e dos governadores. O presidente disse que houve uma união para “garantir a democracia brasileira”, o que fez com que os radicais não avançassem com a tentativa de golpe.

No entanto, o presidente acredita que “gente profissional” estava envolvida com os ataques terroristas na capital federal.

“O dado concreto é que segundo todo depoimento, as pessoas que vieram aqui eram profissionais. As pessoas que vieram aqui conheciam o Planalto, conheciam a Câmara, conheciam o Judiciário.”

Serviço de inteligência do governo e militar 'não existiu'

Ainda segundo o presidente, houve uma falha de inteligência para prevenir os atos golpistas.

“Nós temos inteligência do GSI, da Abin, do Exército, da Marinha, da Aeronáutica. Ou seja, a verdade é que nenhuma dessas inteligências serviu para avisar ao presidente da República, ou seja, que poderia ter acontecido isso. Se eu soubesse na sexta-feira [6] que viriam 8 mil pessoas aqui, eu não teria saído de Brasília. Eu saí porque estava tudo tranquilo. Até porque, a gente estava vivendo ainda a alegria da posse”, afirmou.

“É uma prática nazista, fascista, raivosa, que nós não estávamos acostumados a ver no Brasil.”

O presidente Lula defendeu que as investigações dos ataques sejam feitas com “muita tranquilidade” para que seja “o mais correta possível”.

Anderson Torres

Lula aproveitou para citar Anderson Torres, ex-ministro da Justiça de Bolsonaro e ex-secretário de Segurança Pública do DF, que comandava os órgãos de segurança do Distrito Federal no momento da invasão.

“[Ele] sabia o que ia acontecer, foi embora e, quando voltou, deixou o celular lá. Pra gente não fazer as investigações. Mas nós vamos fazer as investigações.”

O presidente defendeu ainda que todos os envolvidos nos ataques sejam condenados.

“Nós vamos apurar com muita paciência. Eu não quero ser precipitado, eu não quero cometer o erro que foi cometido na década de 70 contra a esquerda, que você prendia, torturava, e nós não vamos fazer nada disso. As pessoas que foram presas vão ser ouvidas, sabe? As pessoas vão ter direito à defesa, sabe? As pessoas vão ser punidas se a gente provar que eles foram culpados”, pontuou. 

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