Lula disse que teve a
impressão de que os invasores das sedes dos Três Poderes estavam “acatando uma
ordem e orientação” dada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
“Eu fiquei com a impressão
que era o começo de um golpe de Estado. Eu fiquei com a impressão, inclusive,
que o pessoal estava acatando ordem e orientação que o Bolsonaro deu durante
muito tempo.”
“Muito tempo ele mandou
invadir a Suprema Corte, muito tempo ele desacreditou do Congresso Nacional,
muito tempo ele pedia que o povo andasse armado, que isso era democracia”,
afirmou.
No dia 8 de janeiro, bolsonaristas
radicais invadiram e depredaram o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e o
Supremo Tribunal Federal (STF). Mais de 1,3 mil pessoas foram presas suspeitas
de envolvimento nos atos.
Lula havia viajado para São
Paulo no fim de semana em que os ataques aconteceram. O presidente afirmou que
deixou Brasília com a informação de que estava “tudo tranquilo”.
Assim que ficou sabendo da
invasão, Lula disse que ligou para o chefe do Gabinete de Segurança
Institucional (GSI), general Gonçalves Dias, perguntando onde estavam os
soldados.
“Eu não via soldado. Eu só
via gente entrando. Eu não via soldado reagindo, não via soldado reagindo.
Sabe? E ele dizia que tinha chamado soldado, que tinha chamado soldado. Ou
seja, e esses soldados não apareciam. Eu fui ficando irritado porque não era
possível a facilidade com que as pessoas invadiram o palácio do presidente da
República.”
Lula afirmou que os vândalos
não quebraram os vidros do Palácio do Planalto para entrar na sede do Poder
Executivo.
“Eles entraram porque a
porta estava aberta. Alguém de dentro do palácio abriu a porta para eles, só
pode ter sido. Houve conivência de alguém que estava aqui dentro.”
Bolsonaro “sabia de tudo”
O presidente Lula elencou
atitudes de Bolsonaro que o levaram a acreditar que os bolsonaristas radicais
estavam seguindo orientações do ex-presidente. O petista citou, inclusive, a
ida de Bolsonaro para Miami antes do fim do governo.
“Eu acho que a decisão dele
de ficar quieto depois de perder as eleições, semanas e semanas sem falar nada.
A decisão dele de tomar a decisão de não passar a faixa para mim, de ir embora
para Miami como se estivesse fugindo com medo de alguma coisa e o silêncio dele
mesmo depois do acontecimento daqui, me dava a impressão que ele sabia de tudo
o que estava acontecendo, que ele tinha muito a ver com aquilo que estava
acontecendo”, disse.
“Obviamente que quem vai
provar isso são as investigações. Mas a impressão que me deixava era essa.
Possivelmente esse Bolsonaro estivesse esperando voltar para o Brasil na glória
de um golpe. Sabe? E eu, então, não podia permitir GLO. Eu tinha que tomar a
decisão política e tomamos a decisão certa”, continuou.
Para Lula, a tentativa de
golpe de Estado não vingou por causa das reações dos Três Poderes e dos
governadores. O presidente disse que houve uma união para “garantir a
democracia brasileira”, o que fez com que os radicais não avançassem com a
tentativa de golpe.
No entanto, o presidente
acredita que “gente profissional” estava envolvida com os ataques terroristas
na capital federal.
“O dado concreto é que
segundo todo depoimento, as pessoas que vieram aqui eram profissionais. As
pessoas que vieram aqui conheciam o Planalto, conheciam a Câmara, conheciam o
Judiciário.”
Serviço de inteligência do
governo e militar 'não existiu'
Ainda segundo o presidente,
houve uma falha de inteligência para prevenir os atos golpistas.
“Nós temos inteligência do
GSI, da Abin, do Exército, da Marinha, da Aeronáutica. Ou seja, a verdade é que
nenhuma dessas inteligências serviu para avisar ao presidente da República, ou
seja, que poderia ter acontecido isso. Se eu soubesse na sexta-feira [6] que
viriam 8 mil pessoas aqui, eu não teria saído de Brasília. Eu saí porque estava
tudo tranquilo. Até porque, a gente estava vivendo ainda a alegria da posse”, afirmou.
“É uma prática nazista,
fascista, raivosa, que nós não estávamos acostumados a ver no Brasil.”
O presidente Lula defendeu
que as investigações dos ataques sejam feitas com “muita tranquilidade” para
que seja “o mais correta possível”.
Anderson Torres
Lula aproveitou para citar
Anderson Torres, ex-ministro da Justiça de Bolsonaro e ex-secretário de
Segurança Pública do DF, que comandava os órgãos de segurança do Distrito
Federal no momento da invasão.
“[Ele] sabia o que ia
acontecer, foi embora e, quando voltou, deixou o celular lá. Pra gente não
fazer as investigações. Mas nós vamos fazer as investigações.”
O presidente defendeu ainda
que todos os envolvidos nos ataques sejam condenados.
“Nós vamos apurar com muita paciência. Eu não quero ser precipitado, eu não quero cometer o erro que foi cometido na década de 70 contra a esquerda, que você prendia, torturava, e nós não vamos fazer nada disso. As pessoas que foram presas vão ser ouvidas, sabe? As pessoas vão ter direito à defesa, sabe? As pessoas vão ser punidas se a gente provar que eles foram culpados”, pontuou.
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