quinta-feira, 11 de maio de 2017

Operação da PF apura desvio de R$ 40 milhões em Itapetim e Brejinho

Foto divulgação Polícia Federal
           Uma operação da Polícia Federal, denominada "Couraça", foi deflagrada nesta quinta-feira (11) com o objetivo de combater fraude a licitação e desvio de recursos públicos em Itapetim e Brejinho, no Sertão de Pernambuco. De acordo com a PF, os crimes seriam cometidos por uma associação criminosa, que vem atuando desde 2013 e já desviou mais de R$ 40 milhões.

O esquema de desvio de recursos federais investigado pela Operação Couraça, deflagrada hoje (11) pela Polícia Federal (PF) e pelo Ministério da Transparência, Fiscalização e Controladoria Geral da União (CGU) em Pernambuco, erguia escolas e postos de saúde de má qualidade, tendo apenas um mestre de obras como responsável pelas construções. Prefeitos e ex-prefeitos de Itapetim e Brejinho são apontados como suspeitos de participação no esquema.

De acordo com o superintendente da CGU em Pernambuco, Fábio Araújo, as empresas Canteiro de Obras e Itapajeú, além de uma terceira que não teve o nome divulgado porque as provas contra ela ainda estão em levantamento, não tinham condições de executar as obras das licitações que venciam, e subcontratavam o mestre de obras. Há indícios de que esse profissional era responsável por erguer os prédios, sem que houvesse cálculo de engenharia ou o uso de material adequado, por exemplo.

Além disso, as empresas eram de fachada, segundo os investigadores. De acordo com o superintendente da CGU em Pernambuco, há suspeita de irregularidades em cerca de 50 obras contratadas em diversos municípios. Nas duas cidades investigadas nessa operação, são cerca de 15 obras. Em Itapetim por exemplo, duas escolas e uma unidade básica de saúde estão na lista de obras supostamente mal feitas.

As licitações vencidas por essas empresas são apontadas como fraudulentas. Eram usadas modalidades como carta convite e pregão presencial para fazer as contratações, modelos considerados mais frágeis pela CGU. Um dos pontos a serem esclarecidos é como as prefeituras faziam para que as outras empresas verdadeiras não concorressem, já que apenas as companhias investigadas se interessavam pelos certames.

O prefeito de Itapetim, Adelmo Moura, e o ex-prefeito e agora diretor de obras do município, Arquimedes Cavalcanti, são apontados como integrantes da organização criminosa, assim como a prefeita de Brejinho, Tania Maria dos Santos.

Vinte mandados de busca e apreensão foram cumpridos em Itapetim, Brejinho, São José do Egito e Recife, a fim de reunir mais provas para comprovar as acusações, como registros contábeis e relatórios do andamento das obras. A PF também pediu à Justiça oito mandados de condução coercitiva, inclusive para os prefeitos citados, mas eles não foram concedidos. Segundo a PF, os alvos serão intimados a prestar depoimento.

DEFESA 

A prefeita do Município de Brejinho, Tânia Maria Santos, por meio da presente nota, repudiou veementemente as declarações feitas pelo delegado da Polícia Federal. Lembra que seu mandato só começou em 1º de janeiro deste ano, mas se solidariza com o seu antecessor, José Vanderley da Silva, com quem trabalhou durante quase 20 anos e diz que ele provará na justiça a sua inocência.

Já a Prefeitura de Itapetim, disse em nota que por ordem do atual prefeito Adelmo Moura, foi prestada inteira colaboração aos trabalhos à Polícia Federal, com a indicação célere de arquivos e a entrega imediata de todos os documentos solicitados, de modo a permitir o esclarecimento real dos fatos.