O parecer técnico da Funarte que reprovou o projeto diz que ele está “desconfigurado” dos conceitos de arte e que esta deve ser, de alguma forma, ligada ao conceito de sagrado e divino. O texto usa Deus como argumento para desqualificar o festival de jazz, além de concluir que o projeto não deve ser apoiado pelo Estado por ter publicado, em página no Facebook, que é contra o fascismo e pela democracia.
O
principal motivo da manifestação e oferta de Paulo Coelho é pela crença de que
a recusa de direcionar verba ao Festival teve caráter ideológico. No texto de
reprovação foi citado uma postagem de junho de 2020 em que o evento se
posiciona como antifascista e a favor da democracia. A Funarte afirmou que isso
seria um slogam do Festival Jazz do Capão, e que o fato “complementou os
fundamentos” para a reprovação do projeto.
Na
postagem em que oferece arcar com o evento, Paulo Coelho aproveita para
posicionar-se por escrito em relação ao ocorrido. “A Fundação Coelho & Oiticica
se oferece para cobrir os gastos do Festival do Capão, solicitados via Lei
Rouanet (R$ 145,000). Entrem em contato via DM pedindo a alguém que sigo aqui
que me transmita. Única condição: que seja antifascista e pela democracia”,
escreveu Coelho no Twitter e no Instagram.
O
Festival Jazz do Capão é um evento realizado desde 2010, com duas pausas em
2013, por falta de verba, e 2020, devido à pandemia. Passaram pelos palcos do
evento nomes como Hermeto Pascoal, João Bosco, Dori Caymmi, Michaella Harrison,
Kapelle 17, entre outros artistas.
Em
2021, o evento preparava uma edição virtual e entrou com o pedido de verba na
Lei de Incentivo Federal, por se tratar de evento de ação continuada com
captação nos últimos três anos. No entanto, o projeto foi recusado. Entre os
argumentos foi citada uma fala de 1750 do músico Johann Sebastian Bach sobre a
música ter o papel de dar “Glória a Deus e renovar a alma”, além de citar que
arte deve “se associar ao Criador” e fazer uma comparação com canto
gregoriando. “Por inspiração no canto gregoriano, a Música pode ser vista como
uma Arte Divina, onde as vozes em união se direcionam à Deus”.
Baseado
nesses argumentos, o parecer técnico final do governo do presidente Jair
Messias Bolsonaro afirmou que o evento não possui condições técnicas ou
artísticas para ser aprovado.
O
secretário especial de cultura Mário Frias também se posicionou na última
segunda-feira (12/7), sobre o caso. “Enquanto eu for Secretário Especial da
Cultura ela será resgatada desse sequestro político/ideológico!”, escreveu o
Frias nas próprias redes sociais.
CURTA NOSSA FANPAGE E PERFIL NO
INSTAGRAM
https://www.instagram.com/afolhadascidades/
https://www.facebook.com/afolhadascidades
Nenhum comentário:
Postar um comentário