O
jornalista Glenn Greenwald, responsável pelo site The Intercpet Brasil,
disse nesta quinta-feira (11) no Senado que o ministro Sergio Moro (Justiça)
cria no país um clima de ameaça a imprensa ao não esclarecer as notícias de que
ele está sendo alvo de investigação pela Polícia Federal. O
Intercept tem divulgado em seu site e em parcerias com outros veículos diálogos
de Moro, quando juiz federal, e procuradores da Lava Jato, como Deltan
Dallagnol.
"Sergio
Moro foi perguntado várias vezes no Senado, na Câmara e por muitos jornais se
ele está nos investigando ou tem planos de fazer algo contra nós, e ele nunca
negou, do dia em que a notícia saiu até hoje, a investigação. Ele quer que pelo
menos fiquemos com medo de estarmos sendo investigados", disse o
jornalista em sua fala inicial na audiência pública na CCJ (Comissão de
Constituição e Justiça).
Glenn disse não ter medo e que seu site continuaria publicando reportagens sobre as trocas de mensagens.
Glenn disse não ter medo e que seu site continuaria publicando reportagens sobre as trocas de mensagens.
"O
clima que o ministro da Justiça está tentando criar, acho que isso é uma ameaça
a uma imprensa livre. Está tentando fazer isso de propósito para assustar a
gente. Não vai funcionar, mas é uma ameaça muito grave", disse o
jornalista.
Moro
também estaria no Senado nesta manhã, em uma audiência pública da Comissão de
Relações Exteriores sobre violência que acomete as mulheres nas regiões
fronteiriças. Seu nome constava na lista de participantes até a noite de
quarta-feira (10).
A
assessoria de imprensa do ministro havia informado que Moro não participaria da
reunião. A agenda oficial do Ministério da Justiça informa que Moro tinha
quatro compromissos nesta manhã, todos na sede da pasta.
Na
audiência no Senado, Glenn Greenwald disse que, em 2014, quando divulgou o
vazamento dos documentos do ex-agente da Agência Nacional de Segurança Edward
Snowden, não foi acusado de nada nem foi alvo de investigação pelo governo dos
Estados Unidos.
Ele
e sua equipe conquistaram à época prêmio Pulitzer, na categoria serviço
público. As reportagens foram publicadas nos jornais The Guardian e The
Washington Post.
Glenn
Greenwald reclamou que nenhum senador do PSL, partido do governo, estava
presente no início da sessão para discutir com ele. O líder do partido, Major
Olímpio (SP), e o senador Flávio Bolsonaro (RJ), filho do presidente Jair
Bolsonaro (PSL), são suplentes na CCJ.
Ele
negou ter financiamento de qualquer partido. "Somos [o Intercept]
independentes. Não estamos defendendo um político, não estamos defendendo uma
ideologia, não estamos defendendo um partido", afirmou o jornalista.
"Estamos
defendendo os princípios fundamentais para a democracia, [que são] a imprensa
livre, o fato de que pessoas com poder político precisam [ter] transparência, e
não podemos ter um processo legal sem um juiz imparcial. Esses princípios são
os princípios que estão governando o jornalismo que estamos fazendo e que vamos
continuar a fazer", afirmou.
O
primeiro a fazer perguntas mais contundentes a Glenn foi o senador Marcos do
Val (Cidadania-ES), que questionou os motivos do jornalista para não submeter o
material que recebeu a perícia.
"Jornalistas,
na democracia, não entregam material jornalístico para a polícia, para o
governo, para a Justiça para ter autorização para publicar. Tenho uma reputação
mundial como jornalista. Obviamente não publicaria um material que não fosse
autêntico", afirmou.
"Não
entregamos e nem nunca vamos entregar nosso material jornalístico para a
polícia ou para os tribunais porque isso é algo que acontece em países
autoritários, tiranias, e não democracias."
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