sábado, 3 de novembro de 2018

Lula leva à ONU aliança entre Moro e Bolsonaro que negava entrar na política para não colocar em dúvida seu trabalho


           Preso e tirado do processo eleitoral de 2018 por decisão do juiz Sergio Moro, o ex-presidente Lula decidiu levar ao Comitê de Direitos Humanos da ONU sua decisão de ingressar no governo de Jair Bolsonaro, beneficiário de suas decisões. Lula alegará que Moro agiu com motivação política e que foi recompensado por favorecer a eleição de Bolsonaro, uma vez que todas as pesquisas indicavam vitória folgada do ex-presidente.

É o que informa a coluna Painel. "A defesa de Lula prepara uma manifestação ao Comitê de Direitos Humanos da ONU sobre o ingresso de Moro na gestão de Jair Bolsonaro. Os advogados vão lembrar que, na peça inicial apresentada ao organismo internacional em 2016, sustentaram que Moro poderia projetar uma carreira na seara da política", diz a nota.

"Num dos tópicos da petição de 2016, a defesa de Lula disse que o juiz era apontado como possível candidato a presidente e que respondia de forma dúbia sobre o assunto. Na verdade, Moro sempre negou intenção de ingressar na política."

Antes de aceitar o cargo de ministro da Justiça e da Segurança Pública do governo de Jair Bolsonaro (PSL), o juiz federal Sergio Moro, responsável pelas ações da Lava Jato em primeira instância em Curitiba, afirmou ao menos oito vezes que não seguiria carreira política. O cargo de ministro de Estado é considerado um cargo político pois a nomeação e a exoneração de ministros são feitas exclusivamente por decisão discricionária do presidente da República, segundo o artigo 84 da Constituição Federal. Além disso, ainda de acordo com o texto constitucional, no artigo 76, o presidente exerce o Poder Executivo com auxílio dos ministros de Estado.

A primeira vez que o juiz fez essa declaração foi em maio de 2016, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo. Perguntado se entraria na política, Moro respondeu: “Não, jamais. Jamais. Sou um homem de Justiça e, sem qualquer demérito, não sou um homem da política. (…) Então, não existe jamais esse risco.”

A vez em que Moro reafirmou a posição mais recentemente foi em maio deste ano, em entrevista à revista Crusoé: “Por uma questão talvez de vocação ou por entender que isso seria inapropriado no presente momento, eu fiz a afirmação de que não pretendo seguir carreira política.” Em seguida, citando que Moro havia dito “no presente momento”, o jornalista pergunta se ele descarta uma carreira política no futuro, e o juiz responde: “Descarto.”

Numa dessas falas, em dezembro de 2017, para o Amarelas da revista Veja, Moro disse que "eu acho até que um ex-magistrado pode ser um bom político, pode ser um bom presidente [da República]. Mas eu entendo que no momento, e eu não vejo isso também no futuro, não seria apropriado da minha parte postular qualquer espécie de cargo político porque isso poderia, vamos dizer assim, colocar em dúvida a integridade do trabalho que eu fiz até o presente momento. Então, eu acho que não seria apropriado".

Ou seja, ao aceitar o convite de ministro e Bolsonaro confirmar que já havia falando com o juiz ainda durante a campanha e antes dela, Moro termina por “colocar em dúvida a integridade do trabalho que eu fiz até o presente momento”, como disse a Veja.

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