Preso
e tirado do processo eleitoral de 2018 por decisão do juiz Sergio Moro, o
ex-presidente Lula decidiu levar ao Comitê de Direitos Humanos da ONU sua
decisão de ingressar no governo de Jair Bolsonaro, beneficiário de suas
decisões. Lula alegará que Moro agiu com motivação política e que foi
recompensado por favorecer a eleição de Bolsonaro, uma vez que todas as
pesquisas indicavam vitória folgada do ex-presidente.
É
o que informa a coluna Painel. "A defesa de Lula prepara uma
manifestação ao Comitê de Direitos Humanos da ONU sobre o ingresso de Moro na
gestão de Jair Bolsonaro. Os advogados vão lembrar que, na peça inicial
apresentada ao organismo internacional em 2016, sustentaram que Moro poderia
projetar uma carreira na seara da política", diz a nota.
"Num
dos tópicos da petição de 2016, a defesa de Lula disse que o juiz era apontado
como possível candidato a presidente e que respondia de forma dúbia sobre o
assunto. Na verdade, Moro sempre negou intenção de ingressar na política."
Antes
de aceitar o cargo de ministro da Justiça e da Segurança Pública do governo de
Jair Bolsonaro (PSL), o juiz federal Sergio Moro, responsável pelas ações da
Lava Jato em primeira instância em Curitiba, afirmou ao menos oito vezes que
não seguiria carreira política. O cargo de ministro de Estado é considerado um
cargo político pois a nomeação e a exoneração de ministros são feitas
exclusivamente por decisão discricionária do presidente da República, segundo
o artigo 84 da Constituição Federal. Além disso, ainda de acordo com o texto
constitucional, no artigo 76, o presidente exerce o Poder Executivo com auxílio
dos ministros de Estado.
A
primeira vez que o juiz fez essa declaração foi em maio de 2016, em
entrevista ao
jornal O Estado de S. Paulo. Perguntado se entraria na política, Moro
respondeu: “Não, jamais. Jamais. Sou um homem de Justiça e, sem qualquer
demérito, não sou um homem da política. (…) Então, não existe jamais esse
risco.”
A
vez em que Moro reafirmou a posição mais recentemente foi em maio deste ano, em
entrevista à
revista Crusoé: “Por uma questão talvez de vocação ou por entender que
isso seria inapropriado no presente momento, eu fiz a afirmação de que não
pretendo seguir carreira política.” Em seguida, citando que Moro havia dito “no
presente momento”, o jornalista pergunta se ele descarta uma carreira política
no futuro, e o juiz responde: “Descarto.”
Numa
dessas falas, em dezembro de 2017, para o Amarelas da revista Veja,
Moro disse que "eu acho até que um ex-magistrado pode ser um bom político,
pode ser um bom presidente [da República]. Mas eu entendo que no momento, e eu
não vejo isso também no futuro, não seria apropriado da minha parte postular
qualquer espécie de cargo político porque isso poderia, vamos dizer assim,
colocar em dúvida a integridade do trabalho que eu fiz até o presente momento.
Então, eu acho que não seria apropriado".
Ou
seja, ao aceitar o convite de ministro e Bolsonaro confirmar que já havia falando
com o juiz ainda durante a campanha e antes dela, Moro termina por “colocar em
dúvida a integridade do trabalho que eu fiz até o presente momento”, como disse
a Veja.
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