quinta-feira, 9 de outubro de 2025

Luís Roberto Barroso anuncia aposentadoria do STF e diz querer “viver um pouco mais a vida que me resta”

         Em um discurso emocionado e marcado por reflexões sobre o tempo, o ministro Luís Roberto Barroso anunciou, nesta quinta-feira (9), sua aposentadoria do Supremo Tribunal Federal (STF). Aos 67 anos, o magistrado deixará o cargo na próxima semana, encerrando uma trajetória de mais de uma década na mais alta Corte do país. O anúncio foi feito no encerramento da sessão plenária do STF. Com a voz embargada e pausas para conter a emoção, Barroso afirmou que a decisão é pessoal e amadurecida.

“Sinto que agora é hora de seguir outros rumos, que nem sei se estão definidos. Não tenho qualquer apego ao poder e gostaria de viver um pouco mais a vida que me resta, sem as disposições, obrigações e exigências públicas do cargo — com mais literatura e poesia”, declarou.

O ministro revelou que pretende se dedicar à literatura, à poesia e a um livro de memórias, além de retomar sua vida acadêmica. Barroso ressaltou que a decisão não tem relação com a conjuntura política atual, enfatizando que comunicou sua intenção de se aposentar ao presidente da República há cerca de dois anos.

“Nada tem a ver com qualquer fato da conjuntura atual. Há cerca de dois anos, comuniquei o presidente da República dessa intenção”, reforçou.

Indicado em junho de 2013 pela então presidente Dilma Rousseff, Barroso ocupou cadeira no Supremo por 12 anos e foi protagonista de decisões históricas. Entre elas, a restrição do foro privilegiado de autoridades, a suspensão de despejos durante a pandemia da Covid-19 e a relatoria de recursos do mensalão.

Também foi um dos principais defensores da democracia e do Estado de Direito durante o período de ataques institucionais. No discurso de despedida, fez questão de lembrar esse enfrentamento:

“A história fará justiça ao trabalho dos ministros na defesa da democracia. Não me arrependo de nenhuma decisão que tomei. Fiz o que considerei certo, dentro da Constituição e da minha consciência.”

Barroso presidiu o Supremo Tribunal Federal até a semana passada, quando transferiu o comando para o ministro Edson Fachin. Durante sua gestão, buscou aproximar a Corte da sociedade, defender a transparência e reafirmar o papel do STF como guardião da Constituição.

Apesar de poder permanecer na Corte até 2033, quando completaria 75 anos — idade limite do funcionalismo público —, o ministro optou por encerrar agora o ciclo.

Em tom sereno, mas com emoção visível, ele concluiu:

“Saio com o coração leve, com a sensação do dever cumprido e a esperança de que o Brasil siga acreditando na democracia, na justiça e no poder transformador das ideias.”

A aposentadoria de Luís Roberto Barroso marca o fim de uma era no Supremo, mas também o início de uma nova fase pessoal para um dos ministros mais influentes da história recente do tribunal.


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