segunda-feira, 15 de setembro de 2025

STF retoma pauta e julgará indulto de Bolsonaro a policiais condenados pelo Massacre do Carandiru

                Depois de suspender as sessões plenárias na semana passada, em meio ao julgamento que condenou o ex-presidente Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado, o Supremo Tribunal Federal (STF) volta nesta quarta-feira (17) com um dos temas mais polêmicos da agenda: o indulto concedido pelo ex-presidente a policiais militares condenados pelo Massacre do Carandiru.

O episódio, ocorrido em 2 de outubro de 1992, é considerado uma das maiores tragédias do sistema penitenciário brasileiro. Na ocasião, mais de 300 policiais invadiram o presídio do Carandiru, em São Paulo, para conter uma rebelião no Pavilhão 9. A operação terminou com 111 presos mortos, a maioria por disparos de arma de fogo.

Após longos processos, o Ministério Público de São Paulo (MPSP) conseguiu levar parte dos agentes a júri popular. Ao todo, 74 policiais militares foram condenados pelos assassinatos, recebendo penas que variaram de 48 a 624 anos de prisão.

No entanto, em dezembro de 2022, Bolsonaro editou um decreto de indulto natalino que beneficiava de forma ampla agentes de segurança pública condenados por crimes cometidos há mais de 30 anos, desde que esses delitos não fossem classificados como hediondos à época. Na prática, a medida buscava perdoar os policiais militares condenados pelo massacre, cujas sentenças haviam se consolidado após décadas de recursos.

O decreto foi alvo imediato de críticas. O MPSP acionou a Procuradoria-Geral da República (PGR), que levou o caso ao Supremo. Em janeiro de 2023, a então presidente da Corte, ministra Rosa Weber (hoje aposentada), determinou a suspensão dos efeitos do indulto, impedindo a liberação dos beneficiados até análise definitiva da constitucionalidade da medida.

Desde então, a ação direta de inconstitucionalidade (ADI) segue pendente de julgamento. O tema chegou a ser incluído na pauta em 2024, mas não foi chamado para deliberação.

O julgamento desta quarta-feira terá caráter de mérito, ou seja, dará uma resposta definitiva sobre a validade do decreto de Bolsonaro. O resultado pode redefinir os limites da prerrogativa presidencial de conceder indulto, além de reacender o debate sobre impunidade em crimes cometidos por agentes do Estado.

Caso o Supremo considere o indulto válido, os policiais condenados pelo massacre poderão ser beneficiados, encerrando décadas de disputa judicial. Por outro lado, se o decreto for considerado inconstitucional, as condenações permanecem em vigor e os réus deverão continuar cumprindo suas penas.

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