Assinado pelo professor de
Economia da Universidade Johns Hopkins, Filipe Campante, e pelo professor de
Governo da Universidade de Harvard e autor do livro Como as democracias morrem
(Editora Zahar), Steven Levitsky, o artigo compara a condução do processo
brasileiro com a situação política dos Estados Unidos após as eleições
presidenciais de 2020. Na ocasião, o ex-presidente Donald Trump questionou os
resultados que o deram como vencedor a Joe Biden, culminando na invasão do
Capitólio por seus apoiadores em janeiro de 2021.
“Os paralelos são
impressionantes. Ambos elegeram presidentes com instintos autoritários que,
após perderem a reeleição, atacaram instituições democráticas”,
afirmam Campante e Levitsky. Entretanto, os autores enfatizam que,
diferentemente de Bolsonaro, Trump “não foi enviado para a prisão, mas de
volta à Casa Branca”, e obteve sucesso na eleição presidencial do ano
passado, derrotando a ex-vice-presidente Kamala Harris.
Segundo os especialistas, as
diferenças entre Brasil e EUA são marcantes: enquanto nos Estados Unidos os
mecanismos constitucionais demoraram a agir contra Trump e acabaram permitindo
que ele se mantivesse fora da responsabilização, o Brasil reagiu com vigor. “Tendo
vivido sob uma ditadura militar, autoridades públicas brasileiras perceberam a
ameaça à democracia desde o início do governo Bolsonaro. Muitos juízes e
líderes do Congresso viram a necessidade de defender energicamente as
instituições democráticas do país. Como disse o ministro Moraes a um de nós:
‘Percebemos que poderíamos ser Churchill ou Chamberlain. Eu não queria ser
Chamberlain’”, relatam os autores.
O artigo também destaca o
papel do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na garantia da integridade das
eleições de 2022, citando medidas como o inquérito das Fake News, a
neutralização de barreiras policiais ilegais e a divulgação imediata dos
resultados. Segundo os autores, mesmo políticos da oposição reconheceram
rapidamente a vitória de Lula, contrastando com a demora e os obstáculos
enfrentados nos EUA.
“Diferentemente dos Estados Unidos, portanto, as instituições brasileiras agiram de forma vigorosa e, até agora, eficaz, para responsabilizar um ex-presidente por tentar reverter uma eleição. É precisamente a eficácia dessas instituições que colocou o país na mira do governo Trump”, escrevem Campante e Levitsky. Eles concluem reforçando que, apesar de desafios e falhas, a democracia brasileira “está hoje mais saudável do que a americana” e que os EUA poderiam aprender com a experiência do Brasil na proteção de suas instituições democráticas.
👉 Acompanhe mais notícias e curta nossas
redes sociais:


Nenhum comentário:
Postar um comentário