Segundo Haddad, a
complexidade do esquema desmontado chama a atenção pela sofisticação das
operações financeiras utilizadas para ocultar patrimônio ilícito, alcançando
cifras que podem ultrapassar centenas de bilhões de reais. “Não tenho
dúvidas de que, com o aprofundamento das investigações, a operação chegaria a
centenas de bilhões de reais lavados pelo crime organizado”, destacou o
ministro.
De acordo com as
investigações, o esquema criminoso se utilizava de mecanismos da economia
formal para dar aparência de legalidade a recursos oriundos de fraudes no setor
de combustíveis. Uma fintech, por exemplo, operava como um banco paralelo e
movimentou sozinha R$ 46 bilhões em apenas cinco anos.
Além disso, cerca de 40
fundos de investimento foram identificados como parte do processo de blindagem
patrimonial, envolvendo ativos ilícitos da ordem de R$ 30 bilhões. Só em São
Paulo, segundo Haddad, já foram rastreados R$ 52 bilhões em movimentações
relacionadas ao esquema.
“O que estamos vendo
não é o mercado financeiro tradicional. São grupos que ganharam tanto dinheiro
que chegaram a alugar andares inteiros dos prédios mais sofisticados do país
para operar”, explicou o ministro.
Durante a entrevista, Haddad
também comentou sobre a repercussão negativa gerada pela tentativa da Receita
Federal de ampliar o monitoramento de movimentações via Pix. Um vídeo divulgado
pelo deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), que atingiu dezenas de milhões de
visualizações, segundo o ministro, espalhou desinformação e atrapalhou o
trabalho dos auditores.
“Penso que aquela
fake news tinha o propósito de criar polêmica, ganhar visibilidade, lacrar. Não
acredito que tenha sido feita para favorecer diretamente organizações
criminosas. Mas, na prática, acabou dificultando as investigações, obrigando
parte da fiscalização a ser feita manualmente”,
disse Haddad.
A Operação Carbono Oculto é
considerada a maior já realizada no país contra organizações criminosas
infiltradas na economia formal. Além de atingir diretamente empresas do setor
de combustíveis, a ação expôs o uso de fintechs e fundos de investimento como
instrumentos sofisticados para a lavagem de dinheiro e ocultação de patrimônio.
Com os novos dados sendo revelados, a expectativa do Ministério da Fazenda é que a operação não apenas desarticule um dos maiores esquemas já identificados, mas também estabeleça um novo modelo de cooperação entre órgãos de controle para o combate ao crime organizado.
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