Em um dos maiores hospitais
de Pernambuco, profissionais alegam falta de estrutura e baixa remuneração.
Simepe aciona Ministério Público, enquanto Imip se diz surpreso e alega diálogo
constante.
Um dos mais importantes
serviços de obstetrícia de Pernambuco está à beira de um colapso. Quarenta e
oito médicos obstetras do Instituto de Medicina Integral Professor Fernando
Figueira (Imip), localizado na área central do Recife, entregaram uma carta de
intenção de demissão coletiva. O ato extremo, apoiado publicamente pelo
Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe) em nota divulgada na última
sexta-feira (15), é o ápice de uma crise que se arrasta há meses.
Segundo o Simepe, a decisão
dos profissionais é uma consequência direta de um cenário insustentável,
marcado pela "falta de valorização profissional, sobrecarga de
trabalho, dificuldades estruturais e baixa remuneração". O
sindicato revelou que desde novembro de 2024 vem tentando negociar soluções com
a gestão do hospital, realizando assembleias e reuniões para tratar da
necessidade urgente de redimensionamento das equipes e de uma recomposição
salarial justa.
A nota do sindicato denuncia
que as medidas adotadas pelo Imip até agora foram apenas "ações
paliativas" que não resolvem o problema central. Pelo contrário, mantêm a
sobrecarga das equipes médicas a um nível tão crítico que, segundo o Simepe, os
profissionais estão sofrendo com a Síndrome de Burnout, um esgotamento físico e
mental severo.
Diante da falta de avanços,
o Simepe escalou a denúncia e já notificou formalmente o Ministério Público do
Trabalho (MPT), o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) e o Conselho Regional
de Medicina de Pernambuco (Cremepe). A notificação pede uma "intervenção
imediata" para garantir condições dignas de trabalho e, principalmente,
assegurar a continuidade e a segurança do atendimento à população, que fica em
risco com a iminente saída de 48 especialistas.
Em comunicado oficial, a
diretoria do Imip afirmou ter recebido "com surpresa" a divulgação da
notícia pela imprensa. O hospital garante que "está em constante diálogo
com o Simepe em busca de atender às demandas" e que várias medidas já
foram implementadas. O instituto informou ainda sobre a criação de um grupo de
trabalho, com representantes da diretoria, dos médicos e do sindicato, para
construir soluções de forma colaborativa. A declaração contrasta com o tom da
nota do sindicato, que aponta o fracasso das negociações como estopim da crise.
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