quinta-feira, 24 de julho de 2025

General confirma autoria de plano radical para matar Lula, Alckmin e Alexandre Moraes

              Em depoimento prestado nesta quinta-feira (24) ao Supremo Tribunal Federal (STF), o general da reserva Mário Fernandes admitiu ser o autor do chamado plano Punhal Verde e Amarelo, mas tentou minimizar sua gravidade ao afirmar que o documento “não foi compartilhado com ninguém” e seria apenas “um pensamento digitalizado” do qual hoje se arrepende.

O documento, segundo denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), trazia conteúdos extremamente graves: previa o sequestro ou até o assassinato do ministro Alexandre de Moraes, do então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva e do vice-presidente Geraldo Alckmin. Mário Fernandes, que ocupou o cargo de secretário-geral da Presidência no governo de Jair Bolsonaro, afirmou que o plano foi impresso apenas para facilitar a leitura e, em seguida, destruído:

“Eu imprimi para não forçar a vista e logo depois eu rasguei. Não compartilhei com ninguém.”

Apesar da tentativa de distanciamento, a PGR sustenta que o general teve papel ativo em ações de monitoramento e tentativa de neutralização de autoridades públicas, agindo em conjunto com Marcelo Costa Câmara, ex-assessor especial de Bolsonaro. O general também teria atuado como ponte entre militares e lideranças populares ligadas aos atos do 8 de janeiro, quando o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e o STF foram invadidos por golpistas.

Durante o depoimento, Fernandes também confirmou a autoria de uma minuta que propunha a criação de um gabinete de crise, cuja função seria “assessorar” o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) numa eventual crise política. Segundo ele, o documento serviria para orientar ações em caso de instabilidade, sem intenções golpistas. No entanto, o conteúdo preocupa autoridades.

A PGR afirma que o objetivo real do gabinete seria coordenar uma possível reação institucional diante da posse do novo governo eleito, estabelecendo “diretrizes estratégicas de segurança e administrativas” com forte viés de ruptura democrática.

A estrutura proposta no documento previa a coordenação geral pelo general Braga Netto, ex-ministro da Defesa, com o general Augusto Heleno, então chefe do GSI, como superior direto. Mário Fernandes seria um dos integrantes da assessoria estratégica, ao lado de nomes como Filipe Martins, ex-assessor de relações internacionais de Bolsonaro.

O general também confirmou ter frequentado de cinco a sete vezes os acampamentos montados em frente a quartéis do Exército, onde manifestantes pediam intervenção militar e questionavam o resultado das eleições. Fernandes minimizou a gravidade dos atos: “Era uma festa cívica, composta por pessoas humildes.”

Ele negou qualquer interlocução com lideranças do movimento, como a PGR sugere em sua denúncia. Ainda assim, admitiu ter sugerido a Augusto Heleno e Braga Netto que participassem de uma audiência pública no Congresso Nacional para denunciar fraudes eleitorais, mesmo sem apresentar provas.

Para a Procuradoria-Geral da República, os elementos reunidos no inquérito e no depoimento apontam que o plano não foi um ato isolado ou meramente teórico, mas parte de um movimento organizado e articulado por agentes públicos e militares, com o objetivo de impedir a posse do novo governo democraticamente eleito e subverter a ordem constitucional.

O depoimento será analisado no contexto das investigações que correm no STF, sob relatoria do ministro Alexandre de Moraes, que também foi um dos alvos mencionados no plano. A apuração segue em sigilo.

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