sábado, 24 de maio de 2025

Embate entre Alepe e Amupe marca disputa sobre isenções de IPVA em Pernambuco

                     O debate em torno de projetos de lei que tramitam na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), propondo isenções no Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA), acirrou os ânimos entre representantes da Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe) e o Legislativo estadual. A discussão revela um embate político que envolve aliados da governadora Raquel Lyra (PSDB) e do prefeito do Recife, João Campos (PSB).

A Amupe, presidida pelo ex-prefeito de Paudalho, Marcelo Gouveia (Podemos), emitiu nota manifestando preocupação com os projetos de isenção do IPVA em tramitação na Alepe. A entidade alertou que as medidas, se aprovadas, podem provocar um impacto fiscal de mais de R$ 500 milhões por ano nas receitas municipais, comprometendo serviços públicos essenciais mantidos com recursos do tributo.

“A Associação entende que é urgente o aprofundamento do debate com os municípios, especialmente no momento em que o país discute a reforma tributária. Medidas pontuais e sem compensação podem fragilizar ainda mais as contas municipais”, diz trecho da nota da Amupe.

A resposta do Legislativo estadual veio de forma contundente. Em nota oficial, a Alepe, presidida pelo deputado Álvaro Porto (PSDB), rechaçou as críticas da Amupe e acusou Marcelo Gouveia de usar a entidade para beneficiar politicamente o Governo do Estado.

“Ficou claro que o presidente da Amupe está fazendo o jogo político do Palácio do Campo das Princesas. Sua postura é movida por interesses pessoais e não pelo compromisso com os municípios. Ao usar uma instituição séria como a Amupe para agradar a governadora, Marcelo Gouveia se descredencia como representante legítimo das prefeituras”, declarou a Alepe.

O tom do embate subiu ainda mais quando a Alepe apontou que dois dos projetos considerados arriscados pela Amupe são de autoria do deputado estadual Gustavo Gouveia (Solidariedade), irmão do presidente da entidade. Gustavo é ex-primeiro-secretário da Casa e aliado de João Campos, figura central da oposição à gestão estadual.

“Marcelo esquece que a própria Alepe aprovou recentemente a destinação de R$ 756 milhões aos municípios, medida que beneficia todas as 184 cidades do estado. Ele foi convidado para o debate na Casa sobre o tema, mas não compareceu e tampouco enviou representante. Se tivesse feito o dever de casa, saberia que está criticando projetos propostos por seu próprio irmão”, finaliza a nota.

O episódio escancara a crescente tensão entre os grupos políticos que orbitam a governadora Raquel Lyra e o prefeito João Campos, já ventilado como possível candidato ao Governo do Estado em 2026. Enquanto a Amupe, tradicionalmente alinhada às gestões estaduais, atua como porta-voz das preocupações municipais, a Alepe assume protagonismo e reage contra o que vê como tentativas de cerceamento político.

Nos bastidores, o clima é de guerra fria entre os campos político-administrativos, com os municípios no centro de uma disputa que vai além dos números do IPVA — e que promete se intensificar nos próximos meses. Foto: Eoberto Soares/Alepe

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