Mantega foi ministro da
Fazenda e do Planejamento nos governos anteriores de Lula, além de presidente
do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Nesta quinta,
o economista foi anunciado como integrante do grupo de trabalho da
transição na área de planejamento, orçamento e gestão.
"O grupo de transição é
para ajudar o novo governo a conhecer a estrutura, modificar a estrutura do
governo anterior e poder governar. Não tem nada a ver uma coisa com outra, as
pessoas que estão lá não serão grupo ministerial", disse.
"É claro que poderão
ser escolhidas pessoas que estão lá, mas eu por exemplo não serei ministro. Já
estou indicando. Já fui ministro do Planejamento, da Fazenda, e não pretendo
ser mais ministro. Eu saio dessa vanguarda e fico na retaguarda, ajudando com
conselhos e tudo mais", completou.
Em outro ponto da entrevista
à GloboNews, Mantega minimizou a pressa do mercado pela definição dos
ministros da área econômica. Segundo ele, "o mais importante não é definir
o ministro, mas é definir a política econômica."
Questionado se a política
econômica do novo governo vai seguir a visão do novo ministro da Fazenda,
Mantega afirmou que no governo Lula não será assim. "O ministro da
Economia tem que se enquadrar na política que é definida pelo governo e pelo
Lula."
"A política econômica é
do governo e não do ministro da Fazenda. O ministro da Fazenda vem para
executar a política econômica que é definida pelo governo e principalmente pelo
presidente Lula", completou.
Mantega foi, então,
questionado sobre o papel da frente ampla diante dessas declarações. O
ex-ministro contemporizou: disse que os aliados darão opinião e que haverá,
sim, política econômica da "coalização".
"Eu falei do governo. É
uma política econômica do governo. Nesse caso, é um governo de coalização, tem
que refletir as opiniões dos outros participantes", disse. "Mas a
espinha dorsal dele tá mais ou menos definida", completou.
Guido Mantega aproveitou
para alfinetar o atual governo e o ministro da Economia, Paulo Guedes, que
recebeu a alcunha de "posto Ipiranga" por definir a política
econômica do governo. "No governo Bolsonaro pode ser, porque o Bolsonaro
disse que não entendia nada de economia."
Segundo Mantega, o Lula
"sempre entendeu de economia". "Eu sou assessor dele desde 1993,
nós discutíamos a economia, fazíamos seminário. Então o Lula entende de
economia. Tem essa diferença."
O ex-ministro disse ainda
que o que tem que ser cobrado não é o nome do novo ministro da Economia ou
Fazenda, mas sim os "detalhes" de como será a política econômica.
"O governo Lula sempre trabalhou de forma transparente, deixando claro
quais são as regras que ele vai seguir, quais são os objetivos e tudo
mais."
Mantega afirmou também que o
mercado pode ficar "tranquilo", porque os governos Lula foram
responsáveis fiscalmente. "O presidente, ele é a favor do equilíbrio
fiscal, ele sabe que se você acumular uma dívida enorme, o país quebra."
Mantega confirmou na
entrevista à GloboNews que entrou em contato com autoridades
econômicas de países das Américas para pedir o adiamento da eleição do
novo presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
Segundo Mantega, a intenção
foi contestar a indicação, pelo governo Jair Bolsonaro, do economista e
ex-presidente do Banco Central Ilan Goldfajn para a presidência da instituição.
"Nós sabemos que o BID
vem de uma crise forte justamente porque o seu presidente foi nomeado pelo
presidente Trump e não tinha a representatividade adequada entre os países
membros do BID, que são a América Latina e a América Central."
"Por sinal, o presidente Bolsonaro apoiou esse presidente [Mauricio] Carone, que está sendo mandado embora de lá porque cometeu várias irregularidades e não representava bem a América Latina, que é o principal participante do BID", disse Mantega.
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