terça-feira, 4 de outubro de 2022

Cármen Lúcia, do STF, pede que PF detalhe investigação de Bolsonaro em inquérito de Milton Ribeiro

                   A ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), mandou a Polícia Federal definir como pretende apurar a "eventual participação" do presidente Jair Bolsonaro por suspeita de atuar numa investigação que resultou na prisão do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro. Para a magistrada, interceptações telefônicas feitas pela PF com autorização judicial indicam a "possibilidade real e concreta de eventual participação do Presidente da República" no caso e que é preciso "comprovar, de forma taxativa e definitiva, a sua ocorrência, as circunstâncias e os desdobramentos".

Alvo de uma investigação de suspeita de corrupção no ministério da Educação, Milton Ribeiro foi preso no dia 22 de junho deste ano. Durante as investigações, algumas chamadas telefônicas realizadas pelo ex-integrante do governo e seus familiares foram interceptadas com autorização judicial. Numa delas, efetuada no dia 9 de junho, Ribeiro conta para a sua filha que conversou com Bolsonaro e que o presidente "acha que vão fazer uma busca e apreensão em casa". Na segunda ligação, feita em 22 de junho, a mulher do ex-ministro diz a um interlocutor que Milton recebeu "rumores do alto".

"Também evidencia-se, nos autos, que somente após a demonstração de fatos novos, consistentes na conversa do dia 22 de junho de 2022, que confirma a conversa do dia 9 de junho de 2022, pode-se concluir pela possibilidade real e concreta de eventual participação do Presidente da República em atos relacionados ao que se apura neste inquérito, o que, sublinhe-se, ainda depende de aprofundamento das investigações para comprovar, de forma taxativa e definitiva, a sua ocorrência, as circunstâncias e os desdobramentos", escreveu a ministra.

Com base nisso, Cármen determinou que o delegado da PF Bruno Calandrini, responsável pelo inquérito, defina "a linha investigativa a ser seguida quanto ao Presidente da República e aos demais investigados e as diligências necessárias a serem requeridas, apreciadas, e se for o caso, realizadas". A decisão da ministra foi proferida no dia 21 de setembro e enviada na semana passada à PF. O caso está sob sigilo.

"Considerando os dados processuais descritos e em face dos elementos indiciários de prova constantes dos autos, que indicam a possibilidade de envolvimento do Presidente da República Jair Messias Bolsonaro nos fatos em apuração, com a adoção de práticas que, se comprovadas, configuram infração penal, determino a continuidade das investigações neste Supremo Tribunal Federal, ao menos até que a eventual participação ou não do Presidente da República seja apurada", escreveu Cármen, alertando que nenhuma diligência sobre o presidente da República deveria ser feita sem a autorização do STF.

Ao ser consultada, a Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu o desmembramento de parte da investigação para a primeira instância para que permanecesse no STF somente a apuração relacionada a eventuais suspeitas envolvendo Jair Bolsonaro. A ministra, entretanto, rejeitou. "A separação de autos, neste caso, pode causar prejuízo relevante para a investigação, pois as condutas atribuídas à autoridade com prerrogativa de foro (Presidente da República) e ao investigado Milton Ribeiro estão direta e objetivamente ligadas", escreveu a ministra.

Em entrevista ao site "Antagonista", o ex-ministro da Educação disse que mentiu para a filha ao dizer que o presidente Jair Bolsonaro havia alertado sobre uma operação da PF em sua casa.

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