Por Marlos Porto
É com
pesar que comunico aos amigos o falecimento de meu pai, Giovanni Porto.
Segundo
informações repassadas a mim hoje pela manhã, por telefone, por uma de suas
filhas, que é médica e o acompanhou em seus momentos finais, o falecimento
ocorreu ontem, 06/05/2021, às 20:00h, no Hospital Português, em Recife, e o
enterro do corpo será no Cemitério Morada da Paz, às 14h.
Desde
outubro do ano passado, quando se submeteu a uma cirurgia abdominal de
urgência, sua saúde não se restabeleceu plenamente. Encontrava-se novamente
internado desde o dia 1º/04/2021.
Nascido
em 15/10/1933, em Arcoverde/PE, e criado em meio racionalista cristão,
Giovanni, em meio à dicotomia moderna entre o materialismo desbragado e o
espiritualismo transcendente, era inequivocamente um espiritualista, embora
jamais se submetesse a dogmas que tolhessem a sua razão e o fizessem abdicar de
questionar, fosse o que fosse.
Algo
contudo, era pacífico e inquestionável para ele: a existência de Deus. A sua
convicção na existência de uma Força Criadora, um Ser Eterno, que é Bem,
Justiça, Amor, Ordem e Perfeição, era inabalável e inspiradora, irradiando para
todos à sua volta, por meio de sua própria vida e dos seus exemplos
imorredouros de integridade, honestidade e valor.
Filho
de comunista, foi eleito vice-prefeito de Arcoverde em 1963 e cassado em 1964,
tendo sido preso na ocasião do famigerado golpe. Solto, entrou com mandado de
segurança para reaver o mandato, o que conseguiu em sede de recurso, no TJPE.
Jamais desacreditou da Justiça.
Foi
professor de História de gerações de arcoverdenses, carinhosamente conhecido
como o "Professor Giovanni".
Eleito
prefeito no ano de 1968, na que ficou conhecida como a "Campanha das
Rosas", Giovanni Porto, exímio orador (ao qual, segundo diziam, somente
Cid Sampaio poderia ser comparado, dentre os políticos de Pernambuco), foi o
prefeito mais honesto da história de Arcoverde - e quiçá do Brasil.
Em
sua gestão, foi construído o novo Matadouro Público, operando em perfeitas
condições de higiene; foram construídas as "supergalerias", que
acabaram com os alagamentos que havia na época; trouxe o asfalto para
Arcoverde, da antiga Rádio Cardeal até a rodovia federal, onde antes só havia a
poeira (impulsionando decisivamente, assim, o desenvolvimento do bairro do São
Cristóvão), entre outras realizações.
Sua
esposa, então professora, ia a pé dar aulas em escola que ficava na Vila
Popular, pois Giovanni jamais utilizou o carro oficial para lhe dar caronas. No
final do mandato, iniciou o curso de Direito em Caruaru, deslocando-se de
ônibus, pagando as passagens às suas próprias expensas, sem jamais onerar os
cofres públicos. Deixou a prefeitura com as finanças saneadas, inclusive com
ações da Petrobras em caixa; ele, contudo, sem patrimônio e sem dinheiro no
banco, mudou-se com a esposa e os quatro filhos à época para a casa do seu pai,
Wilson Porto, por não ter condições de pagar aluguel.
Vereador
por dois mandatos, de 1993-1996 e de 1997-2000, exerceu-os com dignidade e
elevado espírito público.
Giovanni
escreveu dois livros de crônicas, "Estação das Lembranças" e
"Exercício de Memória", de inegável qualidade literária e de elevado
valor histórico.
Muito
pouco se escreveu sobre Giovanni, comparado com o legado deixado por esse
titânico homem público sertanejo. Muito, contudo, poderá ainda se escrever, se
não faltarem ao valoroso povo arcoverdense e aos seus certamente talentosos
cronistas e pesquisadores: brio, coragem, memória e amor à nossa terra.
Encerro
com uma quadra feita há muitos anos atrás por um eleitor/admirador seu (filho
de Heroíno, da Pedra), que meu pai, mesmo em meio ao sofrimento decorrente de
suas enfermidades, recitava de cor, com lágrima nos olhos:
"ANIMADOR DA PLATEIA, DA NOSSA FESTA NOTURNA;
FAZ A PLATEIA AGITADA, FAZ A PLATEIA SOTURNA;
DOS POLÍTICOS QUE OUVI FOI O ÚNICO QUE VI,
RUIM DE BOLSO E BOM DE URNA”.
Meu querido professor Giovanne Porto,você já esta no paraíso descasa em paz.Você fez parte de minha infância,qd Prefeito nos comícios na Rua dos Mascates, eu subia no palco para colocar uma faixa linda em você... minha mãe dono Rosa levava a família toda,sua voza a sua...Voz inesquecível,com como adolescente estudei no colégio Carlos Rios, e a maior alegria foi tê-lo como professor...eu ficava estática olhando de perto para senhor,era excelente ouvir sua voz achava e achava o senhor o homem mais lindo de Arcoverde com os cabelos grisalhos Os anos passaram, e que Alegria o meu PRIMEIRO VOTO PARA PREFEITO,e até o fiz de sua carreira sempre foi seu. Wilson Porto Pai o filho (PIOLHO )você eram amigos do meu irmão Vicente do da Loja Narciso Maia,Sua linda Irmã Maria Helena minha professora lembro com saudades deste tempo em Arcoverde...nossa CAPITAL DO universo. Professor Giivanne obrigada por ter feito parte da minha história, minha homenagem a você que será inesquecível para mim ...agora tenho mas uma estrela para eu admirar no universo.
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