
A
peça central da delação premiada do ex-ministro da Fazenda Antônio Palocci
não existe. O contrato que ele disse ter sido feito com a empreiteira Camargo
Correa para “comprar” uma decisão do Superior Tribunal de Justiça, na verdade,
era com outra empresa: o Grupo Pão de Açúcar.
Conforme
publica hoje a Folha de S.Paulo, em texto de Mônica Bergamo, o escritório
do advogado Márcio Thomaz Bastos fora contratado para cuidar da
aquisição e megafusão das Casas Bahia com o Pão de Açúcar. O escritório
contratou a Projeto, consultoria pertencente a Palocci.
O
contrato tornou-se público quando se descobriu que Palocci, enquanto ministro,
usava sua influência para fazer negócios que tivessem alguma tangência com o
governo. O próprio ex-ministro, que perdeu o emprego na esteira desse
escândalo, apresentou o contrato à Justiça.
Em
sua defesa, o advogado do delator, Tracy Reinalder, disse agora à Folha que
Palocci havia mentido antes, mas que o “verdadeiro escopo” da operação fora
beneficiar a empreiteira na Justiça. A explicação conflita com alguns fatos.
O
advogado Eros Grau, ex-ministro do Supremo Tribunal Federal, em nome da
família de Bastos, juntou não só o contrato, mas planilhas, livros caixa,
documentos bancários e recibos demonstrando que os R$ 5,5 milhões foram
integralmente pagos a Palocci.
Quando
foi necessário explicar o contrato do escritório de Bastos com o Grupo Pão de
Açúcar, o advogado que assinou a petição foi o então diretor jurídico da
empresa, Ednus Ascari Júnior, marido da procuradora da República Janice
Ascari, que cuidava da “castelo de areia” junto ao juiz Fausto de Sanctis.
As
versões do ex-ministro petista variam de acordo com o momento. As explicações e
informações dadas em depoimentos, nos anexos e fora dos autos vão sendo
refeitas cada vez que são negadas.
À
Polícia Federal, o ex-ministro disse que a quantia de 5 milhões (ora
mencionados como reais, ora como dólares, ora sem moeda) foi depositada em uma
conta na Suíça por um advogado da Camargo Correa. Mas as provas indicam que o
dinheiro ficou com ele mesmo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário