Um
clima de tensão e apreensão marcou o início da noite de ontem (17) em frente ao
Hospital Regional de Arcoverde, hoje administrado pelo Hospital Tricentenário,
uma OS (Organização Social) contratada pelo governo do Estado que recebe
mensalmente cerca de R$ 2,5 milhões para fazer o serviço de atendimento
hospitalar.
O
motivo foi a negativa inicial do HRA de receber um paciente vítima de acidente
vindo do Hospital Memorial Arcoverde, que realizou os primeiros socorros como
manda a lei. Antônio José Noleto, 69 anos, casado, aposentado, foi atropelado
por uma moto na Avenida Cel. Antonio Japiassu por volta das 15h, quando foi
socorrido pelo Corpo de Bombeiros que levou a vítima, que se encontrava
inconsciente, para o Hospital Memorial Arcoverde com suspeita de fratura
craniana, fratura exposta na perna direita e no ombro lado direito.
Após
realizar os primeiros socorros, o Hospital Memorial de Arcoverde, unidade
privada de saúde, encaminhou o paciente em uma ambulância própria para o
Hospital Regional Dr. Rui de Barros Correia, de comum acordo com a família do
Sr. Antonio José, já que naquela unidade privada não dispunha de serviço de
neurologia/neurocirurgia. Além de disponibilizar a ambulância, o Memorial ainda
enviou uma médica e uma enfermeira acompanhando o paciente e fazendo a
oxigenação do mesmo, após comunicação feita anteriormente ao HRA e a garantia
de senha de internação para o Hospital da Restauração, através da Central de
Regulação de Leitos da Secretaria de Saúde do Estado.
O
problema deu-se ao chegar na entrada do Hospital Regional, por volta das 17h00,
quando médica, enfermeira e o paciente em estado grave esperaram mais de uma
hora e meia para poderem serem atendidos, isso após muita discussão com o corpo
médico da unidade, conforme pode ser constatado no vídeo disponibilizado pela
família. Segundo a médica Dra. Elisângela Rocha, a administração do hospital
teria dito que a responsabilidade de transferência seria do Hospital Memorial,
negando-se a prestar apoio ou atendimento ao paciente no hospital público.
Em
determinado momento do vídeo, o diretor médico do Hospital regional diz que não
há ambulância equipada para fazer a transferência do paciente e que “nem tem
respirador pra ir, tem que ir na mão”.
A
Dra. Elisângela questiona no vídeo e diz que era obrigação da OS “ter uma
ambulância, máquina de oxigênio” diante dos milhões que recebe do Governo do
Estado. Segundo os familiares, apesar de não querer receber o paciente e
encaminhar para o Recife, ninguém do Hospital Regional quis assinar documento
dizendo porquê recusavam o paciente e não o atenderam.
A
responsável pela HRA, a diretora administrativa Ana Kelly Araújo, diz no vídeo,
gravado pelos familiares, que libera um médico se a enfermeira Priscila Job,
que acompanhava o paciente desde o Hospital Memorial, o acompanhasse até o
Recife. Ela diz que não podia, pois estava há mais de duas horas com o paciente
e nenhuma técnica do Hospital Regional veio para ajudar.

O médico Dr. José Ivan Vidal, independente da liberação da direção do Hospital Regional e diante dos apelos dos familiares, se prontifica a acompanhar o paciente até o Recife, mas ressalta que hospital não dispunha de nenhuma ambulância equipada para o transporte do mesmo. Após quase duas horas, o paciente terminou sendo recebido pelo Hospital Regional de Arcoverde que fez o encaminhamento para o Hospital da Restauração, em Recife, a onde encontra-se internado em estado grave. A transferência foi feita logo após as 19h, sob os cuidados do Dr. José Ivan, em uma ambulância do próprio Hospital Regional, porém sem os equipamentos necessários para uma transferência de paciente no estado em que estava o Sr. Antonio.
Os
familiares estão revoltados com a demora no atendimento por parte do HRA, que
pode ter contribuído para o agravamento do estado clínico do Sr. Antonio José
Noleto. Caso o paciente tivesse sido prontamente recebido pela unidade pública
de saúde e transferido de imediato, diante de já possuir o protocolo de
transferência para o Hospital da Restauração, em Recife, ele teria chegado com
cerca de duas horas de antecedência para o pronto atendimento. Eles também
questionaram porque a nova administração do hospital se recusou a receber o
paciente e porque, mesmo com o aporte financeiro que o Estado diz
disponibilizar agora para aquela unidade, o hospital não tem uma ambulância
equipada, tipo UTI, para transferência de pacientes.
Abaixo você confere todo o vídeo enviado pelo familiares.