Depois
de se unir a Eduardo Cunha para concretizar o golpe que tirou do poder a presidente Dilma Russeff
(PT) e pregar o fim da corrupção do PT, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) é o
primeiro nome a aparecer nas novas delações da Odebrecht. Essa é a sexta vez que o tucano é citado nas investigações da Lavajato.
Benedicto
Júnior, ex-presidente da Odebrecht Infraestrutura, afirmou em seu acordo com a
Lava Jato que se reuniu com Aécio, quando este era governador, para tratar
de um esquema de fraude em licitação na obra da Cidade Administrativa para
favorecer grandes empreiteiras. A obra, antes orçada em R$ 500 milhões, acabou
saindo por R$ 2,1 bilhão. Empresas teriam repassado cerca de 3% em propinas
para o tucano, o equivalente a R$ 63 milhões. Além de Benedicto Junior, o
superintendente da Odebrecht em Minas, Sergio Neves, também confirmou a fraude.
As
informações são de reportagem de Bela Megale, Marina Dias e Mario Cesar Carvalho na
Folha de S.Paulo.
"Benedicto
Júnior, conhecido como BJ, disse aos procuradores que, após o acerto, Aécio
orientou as construtoras a procurarem Oswaldo Borges da Costa Filho. De acordo
com o depoimento, com Oswaldinho, como é conhecido, foi definido o percentual
de propina que seria repassado pelas empresas no esquema. Ainda de acordo com o
delator, esses valores ficaram entre 2,5% e 3% sobre o total dos contratos.
Oswaldinho
é um colaborador das campanhas do hoje senador mineiro, atuando como tesoureiro
informal. De acordo com informações obtidas pela reportagem, o ex-executivo da
Odebrecht afirmou que o próprio Aécio decidiu quais empresas participariam da
licitação para a obra.
Projetada
pelo arquiteto Oscar Niemeyer (1907-2012), a Cidade Administrativa, sede do
governo mineiro, custou R$ 2,1 bilhões em valores da época. Foi inaugurada em
2010, último ano de Aécio como governador, sendo a obra mais cara do tucano no
governo de Minas.
As
informações fornecidas por BJ em sua delação premiada foram confirmadas e
complementadas, segundo pessoas com acesso às investigações, pelos depoimentos
do ex-diretor da Odebrecht em Minas Sergio Neves.
Sergio
Neves aparece nas investigações como responsável por operacionalizar os
repasses a Oswaldinho e é ele quem detalha, na delação, os pagamentos a Aécio.
Líder
do consórcio, que contou com Andrade Gutierrez, OAS e Queiroz Galvão, a
Odebrecht era responsável por 60% da obra e construiu um dos três prédios que
integram a Cidade Administrativa, o Edifício Gerais." Nos
próximos dias, o procurador-geral Rodrigo Janot deverá denunciar Aécio ao STF
por corrupção.