sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Estadão revela que ex-sócio de Eduardo Campos negociou propina de R$ 20 milhões




         O jornal O Estado de São Paulo traz nesta sexta-feira (23) uma matéria dos jornalistas Mateus
Coutinho, Andreza Matais, Julia Affonso e Ricardo Brandt que desnuda o falso puritanismo do Partido Socialista Brasileiro em Pernambuco e de seu líder, o ex-governador Eduardo Campos, falecido em 2014. Em jogo: R$ 20 milhões de reais em propinas. Veja abaixo a reportagem completa do Estadão.





EX-SÓCIO DE EDUARDO CAMPOS NEGOCIOU
PROPINA DE R$ 20 MI NA PETROBRÁS, DIZ DELATOR







O
ex-presidente da Camargo Corrêa e delator da Lava Jato, Dalton dos Santos
Avancini, afirmou aos investigadores da operação ter se encontrado em 2010 com
o empresário e ex-sócio de Eduardo Campos.Aldo Guedes Álvaro no shopping
Iguatemi, em São Paulo, para acertar o suposto pagamento de propina de R$ 20
milhões da empreiteira para abastecer o caixa 2 da campanha à reeleição do
então governador de Pernambuco.





Eduardo
Campos morreu em um acidente aéreo em Santos (SP), em agosto de 2014, durante a
campanha à Presidência da República.





A
primeira citação aos R$ 20 milhões foi feita pelo ex-diretor de Abastecimento
da Petrobrás, Paulo Roberto Costa, primeiro delator da Lava Jato – ele citou
deputados, senadores, governadores e ex-parlamentares que teriam sido
beneficiários de recursos ilícitos tirados de contratos de empreiteiras com a
estatal petrolífera.





Aldo
Guedes Álvaro é investigado pela Polícia Federal por suspeita de ser o
verdadeiro dono do jatinho usado na campanha de Campos no ano passado e também
foi alvo de buscas durante a Operação Politeia, desdobramento da Lava Jato que
investiga políticos no Supremo Tribunal Federal. Após a operação, em julho, o empresário deixou o cargo de presidente da Companhia
Pernambucana de Gás, Copergás, estatal de Pernambuco, Estado atualmente
administrado por Paulo Câmara (PSB), herdeiro político de Campos.





Homem
de confiança de Campos, Guedes era seu sócio na Fazenda Esperança, área de 210
hectares, e na Agropecuária Nossa Senhora de Nazaré, em Brejão (PE). Ele também
é casado com uma prima da família.




Dalton Avancine revelou a propina paga ao ex-sócio de Edurdo Campos


‘Contribuição’. No encontro, relatou
Avancini, Aldo teria cobrado a “contribuição” de R$ 20 milhões e afirmado que
ela havia sido prometida pelo ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás Paulo
Roberto Costa. O valor deveria ser pago pelas empresas que tinham conseguido contratos
nas obras da Refinaria de Abreu e Lima, megaempreendimento da estatal no Estado
de Pernambuco, dentro do esquema de corrupção instalado na Petrobrás.





Na
época diretor de Óleo e Gás da Camargo, Avancini afirmou a Aldo que a empresa
não teria condições de arcar com este valor, o que teria deixado Aldo
contrariado. “Que, observa que Antonio Miguel Marques (na época presidente da
Camargo), ao que recorda, lhe informou que o teto máximo da contribuição a ser
fornecida pela Camargo seria de 12 milhões de reais; que, ao informar a Aldo
Guedes qual seria o teto da contribuição da Camargo, Aldo ficou contrariado e
disse que isso não era o combinado, todavia acabou aceitando a proposta e
mencionou que o valor deveria ser disponibilizado rapidamente”, relatou o executivo
aos investigadores.





Avancini
então respondeu que não poderia fazer a transferência tão rápido pois ” iria
ser estudada uma forma de realizar o repasse”. Apesar de contrariado, Aldo
Guedes acabou aceitando. Posteriormente, segundo o delator, a tarefa de
viabilizar o repasse da propina foi encaminhada ao então gerente de contrato da
Camargo Corrêa para a RNEST, Paulo Augusto Santos da Silva. O valor repassado
para o caixa dois teria sido, então de R$ 8,7 milhões por meio de um contrato
de fachada da empreiteira com a empresa Master Terraplenagem.





A
Camargo Corrêa vem colaborando com as investigações da Lava Jato e tem evitado
comentar as delações de seus executivos. A reportagem entrou em contato com o
PSB, mas não obteve retorno do partido até a conclusão do texto. Quando
questionado sobre a suposta propina a Campos, a sigla afirmou por meio de nota:





“O
Partido Socialista Brasileiro (PSB) informa que todos os recursos que
financiaram as campanhas de Eduardo Campos para o governo de Pernambuco foram arrecadados
legalmente. Inclusive, a conta referente a 2010 foi aprovada pelo Tribunal
Regional Eleitoral de Pernambuco.”





A
reportagem do Estadão tentou contato por telefone com Aldo Guedes Álvaro, mas o empresário
não atendeu as ligações e nem retornou as mensagens. A reportagem também entrou
em contato com o escritório do advogado de Aldo, mas não conseguiu falar com
ele.





Fonte: O Estado de São Paulo

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