Criada
desde 1987, a Associação de Empresas de Rádio e Televisão de Pernambuco
(Asserpe) acompanha e incentiva o desenvolvimento do setor em todo o Estado.
Trabalhando em conjunto com seus associados, a entidade oferece uma série de
serviços que têm a finalidade de valorizar e engrandecer a radiodifusão da
capital ao Interior, além de defender os interesses das emissoras e dos
radiodifusores.
Nesta
entrevista, o atual presidente, Nivaldo Alves Galindo Filho, Nill Júnior, que
está há dois anos à frente da Asserpe, destaca ações da sua gestão, fala das
vantagens de ser um associado, bem como dos desafios diante da pandemia da
Covid-19 e quais as perspectivas para o futuro.
O
senhor faz dois anos que está à frente da Asserpe. O que destacaria na sua
gestão durante esse período?
Eu
destacaria a reafirmação do papel da radiodifusão em um momento tão
determinante. O nosso ciclo foi afetado diretamente pela pandemia da Covid-19
e, por conta disso, tivemos que reforçar o diálogo virtual. Realizamos grandes
encontros. Fizemos um trabalho importante no processo das eleições, orientando
e prestando serviço em parceria com as principais instituições, reforçando o
papel do rádio e da TV em meio à pandemia. As campanhas institucionais de
valorização do rádio e da TV. A criação do Dia do Rádio em Pernambuco, a partir
do último 6 de abril, porque o rádio nasceu nessa data em 1919, através da
Rádio Clube de Pernambuco. Nós conseguimos, dentro da lei das datas importantes
do estado, emplacar a promulgação da Lei 16.241 e a criação do Dia Estadual do
Rádio. Destaco também a valorização do meio, maior capacitação. Mesmo diante
desse período que estamos vivendo, foram grandes avanços, do ponto de vista
institucional. Do ponto de vista administrativo, tivemos a modernização da ASSERPE,
em parceria com o Escritório de Mídia, uma construção da Diretoria. Saímos da
antiga sede para um empresarial moderno, com capacidade para receber os
radiodifusores e as reuniões da diretoria, além dos encontros do CONAR, através
de sua 8ª Câmara.
Quais
os benefícios de um associado?
Para
o associado, o grande benefício é estar antenado com as demandas, as pautas da
radiodifusão, além da defesa intransigente dos seus direitos e luta por novas
conquistas. A gente, por exemplo, não pode falar em migração da rádio AM, que
está se modernizando e indo para a banda FM, sem falar do poder que as
associações estaduais e a ABERT tiveram nisso. A flexibilização da Voz do
Brasil, principalmente na pandemia. A digitalização da TV e uma melhor relação
com o ECAD. Todos esses passos nascem do papel das associações estaduais e
ABERT.
Estamos
vivendo um momento delicado devido à pandemia da Covid-19. Sabemos que a
comunicação impressa, principalmente, vem sofrendo com isso e muitos jornais
estão fechando as portas. No caso do rádio e da TV, houve um impacto grande
também? Se sim, quais?
De
um lado há o reflexo econômico, que toda a atividade sofre. Mas o protagonismo
que o rádio e a TV tiveram nessa pandemia também gerou oportunidades. Sou
radiodifusor do interior, conheço a estrutura das rádios estado adentro e posso
dizer, com toda certeza, que nenhuma emissora fechou na pandemia. Tivemos
dificuldades, muitas aderiram aos programas de suporte do Governo Federal. Mas
rádio soube sobreviver a isso. Algumas rádios até aproveitaram esse momento
para gerar oportunidades na divulgação do delivery, nos serviços que eram
prestados remotamente, além do papel sublime de salvar vidas. O Brasil e
Pernambuco, especificamente, devem muito à TV e ao rádio. Eu diria que, dadas
as circunstâncias, o pior já passou. Os nossos veículos continuam, claro, com
suas peculiaridades regionais, mas, em linhas gerais, esse período fortaleceu o
rádio, que cresceu em audiência, assim como a TV. E esse crescimento se
refletiu, de alguma forma, no mercado publicitário, que passou a valorizar mais
essas ferramentas. Ao contrário do impresso, quando a gente já sabia que era,
na verdade, um caminho sem volta, diante dos custos de impressão, quando você
tem custos reduzidos nas plataformas digitais. O rádio e a TV souberam
aproveitar as plataformas digitais, se mantiveram, resistiram e venceram. Em
linhas gerais, o protagonismo deles os salvou na pandemia.
A
Asserpe pôde ajudar, de alguma forma, para diminuir esse impacto?
A
Asserpe foi um canal de diálogo com, por exemplo, o ECAD, que tem a cobrança
sobre o direito autoral. Ainda há muito a caminhar, mas demos alguns passos.
Também no diálogo com o Governo Federal, na cobrança para que o nosso meio
fosse essencial. Como serviço essencial na pandemia temos acesso facilitado a
eventuais linhas de crédito, por exemplo. Também lutamos para que a
radiodifusão fosse abraçada pelos programas de suporte, bem como promovemos
capacitação dos radiodifusores para que eles soubessem como agir e lidar com a
pandemia, além da posição política que a Asserpe tomou quando era convocada
pelos veículos que sofreram ameaças nesses tempos tão difíceis. Enfim, a
Asserpe foi uma parceira presente, direta e constante ao lado da radiodifusão.
Quais
as perspectivas para o futuro?
Sou
otimista por natureza. Eu confesso que vejo um grande futuro para o rádio e a
TV. Esses veículos têm vivido uma metamorfose impressionante. Há emissoras de
rádio em Pernambuco que vendem não o espaço comercial na rádio, vendem o espaço
na rede social, por exemplo, pelo protagonismo nas outras plataformas. O rádio
agrega valor às redes sociais. Então, você tem rádios multiplataformas hoje,
que se colocam entre as maiores do país em várias cidades, isso sem perder a
essência do rádio, que é o carro-chefe. O brasileiro não desacostumou de ouvir
rádio, os pernambucanos estão entre os que mais escutam rádio no país, segundo
pesquisa Kantar Ibope. Nunca se ouviu tanto rádio nos últimos anos como agora,
em meio a esse tempo. Porque o rádio informa, presta serviço, não tem fake
news, dá entretenimento. Eu não tenho dúvidas de que nós já estamos no futuro.
O rádio já vive, já alcança essa condição de um veículo do futuro, aliás sempre
foi o veículo que mais se adaptou às novas tecnologias. E a TV aumentou seu
protagonismo. Juntos, a TV e o rádio salvaram muitas vidas nessa pandemia.
Talvez aqui ou acolá, nas cidades mais adentro do Interior, o rádio precise
avançar um pouco mais, mas a Asserpe tem sido uma entidade próxima justamente
para nivelar esse conhecimento. Tem estado junto desses veículos. Assim, viva a
TV e o Rádio de Pernambuco!
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