Com
sua filiação ao Partido Socialista Brasileiro (PSB) em abril de 2018, a
delegada Gleide Ângelo dava início a uma caminhada que marcaria a cena política
pernambucana. Os mais de 400 mil votos obtidos nas eleições daquele mesmo ano
fez com que a socialista alcançasse um recorde histórico se tornando a deputada
estadual mais votada da história da Assembleia Legislativa de Pernambuco
(Alepe).
Três
anos após esse feito, a parlamentar, ainda não sabe qual será seu futuro
na política. A julgar pela votação expressiva, o caminho natural poderia ser
tentar uma vaga na Câmara Federal em 2022, o que ela descarta. "Uma coisa
eu digo, não tenho pretensão de sair do estado", destacou. Pandemia,
políticas públicas, permanência no PSB e carreira política também foram temas
da entrevista ao Diario.
COVID-19
Como eu ja venho há 18 anos na Polícia Civil, então já venho de um lugar que
aprendi a lidar com problemas. Então sei lidar com dificuldades, o maior
problema é como essas dificuldades atingiram o estado, a pior parte é isso.
Tenho recebido muitos pedidos de pessoas que estão com fome, querem comida,
coisa que não acontecia antes, nem no meu primeiro ano de mandato. A gente
precisa resolver isso, a falta de emprego também, é uma cadeia de problemas. É
aí que entra o estado para reverter essa situação. É entrar com
assistencialismo suprir urgente a necessidade básica e, ao mesmo tempo, buscar
formas de gerar receita, e eu não vejo outra forma a não ser a vacina, porque
só com ela podemos voltar à normalidade, e também à saúde financeira do estado.
Em relação à forma como o governo federal tem conduzido o país em meio à
pandemia, penso que quando você nega o problema fica muito difícil resolvê-lo.
Para resolver, é preciso aceitar que o problema existe. Mas como não sou de
pensar no problema e sim na solução, acho que é preciso aceitar que perdemos um
ano, mas agora é resolver, ter pro-atividade que envolve compras de vacinas. E
se desde o começo tivessse feito o dever de casa talvez não estivéssemos nesse
caos total.
POLÍTICAS
PÚBLICAS
Não
tem como resolver questões de vulnerabilidade social sem políticas públicas. A
limitação que nós temos enquanto parlamentar é uma limitação constitucional, a
Constituição de Pernambuco é uma das poucas do país que não permite que a gente
(parlamentares) faça projeto que onere um real sequer ao Estado, um centavo não
pode. Como é que faz política pública sem dinheiro? Com isso, a gente
pode articular, pedir, mas o poder de fazer a gente não tem. Quem cria, executa
é o Poder Executivo. Sendo assim, política tem que ter efetividade, e
efetividade é quando você vai, conversa, explica. Acho muito mais rápido quando
se vai pessoalmente. Tenho ido para vários municípios do interior do estado com
prefeitos e prefeitas para fortalecer políticas públicas para mulheres.
2022
O
meu trabalho é em Pernambuco para cumprir aquilo que me comprometi no estado
inteiro que é o combate à violência, principalmente nos grupos de
vulnerabilidade. E ai vem as eleições de 2022. Não pensei nela ainda porque
primeiro vou concluir o que precisa ser concluído, ainda tem muito trabalho
daqui até a próxima eleição. Mas uma coisa eu digo: Não tenho pretensão de sair
do estado. Acredito que ao que me proponho fazer é necessário que eu esteja
aqui, percorrendo os municípios porque não é só fazer um projeto dentro da
Alepe, é preciso levar o projeto para além da Alepe. Entrei na política porque
passei 18 anos na polícia vendo quem mais é assassinado, quem mais sofre
violência sexual, física... Quem vai proteger essa população se não for o
estado, as políticas publicas? Eu entrei com esse olhar pra grupos que precisam
de uma atenção especial, então eu vou ser mais útil pra esse grupo estando aqui
ou em Brasília? Então, o meu pensamento hoje é de, no máximo, renovar meu
mandato para deputada estadual. Amanhã não sei, estou falando hoje.
COBRANÇA
O servidor público tem que pensar como empresa privada, que se você não der resultado você não é demitido. Então na política não vejo diferença, tenho que dar resultado. De seis em seis meses eu presto conta de tudo o que eu faço para que as pessoas tenham conhecimento do trabalho que desenvolvo. Então pra chegar em 2022 e pedir voto tenho que fazer o que estou fazendo agora, trabalhar percorrendo os municípios pra quando chegar as próximas eleições eu olhar para os eleitores e dizer a eles que estou pedindo voto porque fiz isso aqui durante quatro anos. Eu acredito que tem que ser assim.
PSB
Atualmente,
não tenho motivos para sair do partido, não tenho problema com ninguém, não só
apenas com o PSB, mas com partido nenhum. Politica é a arte de construir pontes
é a arte de agregar. Escuto todo mundo, converso com todos na Alepe, não tenho
nenhum problema. Quando a gente é inteligente a gente junta forças, não
divide. No dia que a gente focar na solução a gente transforma a política que a
gente quer. Então, acho que meu grande problema hoje é saber como fazer mais
para melhorar a vidas das pessoas.
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