Em
tempos de novo Brasil, os vereadores do Cabo de Santo Agostinho, no
Grande Recife, não estão nem aí pra pregação anti-corrupção. Aprovaram, ontem
(27), o pedido de licença remunerada, por 90 dias, para o prefeito da cidade,
Lula Cabral (PSB), preso desde 19 de outubro no Centro de Observação e Triagem
Professor Everardo Luna (Cotel), em Abreu e Lima. Ele é alvo de uma
investigação sobre fraudes no Instituto de Previdência do Cabo (Caboprev) no
valor de R$ 92,5 milhões, segundo a Polícia Federal (PF).
Com
a decisão da Câmara Municipal, Lula Cabral mantém o salário de R$ 25 mil, de
acordo com os vereadores de oposição. Os parlamentares informaram que vão
esperar até a quinta-feira (29), quando será publicada a ata da sessão, para
entrar com uma ação popular com o objetivo de impedir a licença remunerada do
prefeito.
De
acordo com a bancada de oposição na Câmara, o pedido de licença remunerada para
Lula Cabral foi aprovado por 12 votos contra quatro. O vereador Ricardo
Carneiro da Silva (SD) afirmou que os ritos previstos nas normas internas da
Casa deixaram de ser cumpridos.
O
vereador José de Arimatéia Santos (PSDB) declarou que o pedido de licença
remunerada contraria a lei municipal. A solicitação foi feita por meio do
Projeto de Resolução 14/2018.
A
assessoria do presidente do Legislativo municipal, Neto da Farmácia (PDT),
informou que os vereadores "apenas" aprovaram um pedido do prefeito
para tirar licença, que pode ou não ser remunerada, por 90 dias. Ainda segundo
a assessoria do presidente da Câmara, não existe problema de manter o pagamento
do salário do prefeito, que está sendo investigado e não teve condenação. De
acordo com a assessoria de Neto da Farmácia, quem criou polêmica foi a
oposição, que está “fazendo um carnaval” para ganhar espaço no debate sobre a
cidade.
Por
causa da prisão de Lula Cabral, o Cabo de Santo Agostinho está sendo
administrado por Keko do Armazém (PDT), prefeito em exercício.
No
dia 19 de outubro deste ano, a Polícia Federal prendeu 22 pessoas em uma
operação contra esquema de fraudes no instituto de previdência dos servidores
do Cabo de Santo Agostinho. O prefeito Lula Cabral foi um dos detidos.
Foram
cumpridos todos os 22 mandados de prisão e os 42 mandados de busca e apreensão
expedidos para a Operação Abismo. Segundo a PF, os envolvidos receberam propina
para transferir R$ 92,5 milhões do instituto, que estavam em uma instituição
financeira sólida, para uma empresa composta por ativos de risco.
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