quarta-feira, 28 de novembro de 2018

Vereadores aprovam licença remunerada para prefeito que está preso por fraude previdenciária


             Em tempos de novo Brasil, os vereadores do Cabo de Santo Agostinho, no Grande Recife, não estão nem aí pra pregação anti-corrupção. Aprovaram, ontem (27), o pedido de licença remunerada, por 90 dias, para o prefeito da cidade, Lula Cabral (PSB), preso desde 19 de outubro no Centro de Observação e Triagem Professor Everardo Luna (Cotel), em Abreu e Lima. Ele é alvo de uma investigação sobre fraudes no Instituto de Previdência do Cabo (Caboprev) no valor de R$ 92,5 milhões, segundo a Polícia Federal (PF).

Com a decisão da Câmara Municipal, Lula Cabral mantém o salário de R$ 25 mil, de acordo com os vereadores de oposição. Os parlamentares informaram que vão esperar até a quinta-feira (29), quando será publicada a ata da sessão, para entrar com uma ação popular com o objetivo de impedir a licença remunerada do prefeito.

De acordo com a bancada de oposição na Câmara, o pedido de licença remunerada para Lula Cabral foi aprovado por 12 votos contra quatro. O vereador Ricardo Carneiro da Silva (SD) afirmou que os ritos previstos nas normas internas da Casa deixaram de ser cumpridos.

O vereador José de Arimatéia Santos (PSDB) declarou que o pedido de licença remunerada contraria a lei municipal. A solicitação foi feita por meio do Projeto de Resolução 14/2018.

A assessoria do presidente do Legislativo municipal, Neto da Farmácia (PDT), informou que os vereadores "apenas" aprovaram um pedido do prefeito para tirar licença, que pode ou não ser remunerada, por 90 dias. Ainda segundo a assessoria do presidente da Câmara, não existe problema de manter o pagamento do salário do prefeito, que está sendo investigado e não teve condenação. De acordo com a assessoria de Neto da Farmácia, quem criou polêmica foi a oposição, que está “fazendo um carnaval” para ganhar espaço no debate sobre a cidade.

Por causa da prisão de Lula Cabral, o Cabo de Santo Agostinho está sendo administrado por Keko do Armazém (PDT), prefeito em exercício.

No dia 19 de outubro deste ano, a Polícia Federal prendeu 22 pessoas em uma operação contra esquema de fraudes no instituto de previdência dos servidores do Cabo de Santo Agostinho. O prefeito Lula Cabral foi um dos detidos. 

Foram cumpridos todos os 22 mandados de prisão e os 42 mandados de busca e apreensão expedidos para a Operação Abismo. Segundo a PF, os envolvidos receberam propina para transferir R$ 92,5 milhões do instituto, que estavam em uma instituição financeira sólida, para uma empresa composta por ativos de risco.

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