A
duas semanas da votação em primeiro turno das eleições 2018, a campanha
presidencial segue uma tendência que representa um desafio às candidaturas que
podem despontar como uma terceira via à polarização entre Jair Bolsonaro (PSL)
e Fernando Haddad (PT). A análise das pesquisas mostra que, se quiserem se
cacifar como uma terceira via, os candidatos situados no bloco intermediário
das intenções de voto – Ciro Gomes (PDT), Geraldo Alckmin (PSDB) e Marina Silva
(Rede) – terão 14 dias para reverter o movimento atual que está sendo
impulsionado pela coesão do eleitorado antipetista em torno de Bolsonaro e do
lulista/petista em torno de Haddad.
Os
presidenciáveis Ciro Gomes (PDT), Geraldo Alckmin (PSDB) e Marina Silva (Rede)
Foto: Nilton Fukuda/Estadão
Este
cenário tem moldado as estratégias das campanhas que ainda lutam para chegar ao
segundo turno. O foco da campanha de Ciro será insistir em apresentá-lo como um
nome de terceira via, capaz de quebrar aquilo que o próprio candidato tem
chamado de “polarização odienta”.
Os
marqueteiros de Alckmin não indicam que vão alterar a estratégia agressiva em
busca do voto útil. Produziram comerciais que apelam para o medo de uma
polarização PSL-PT e pregam que os demais postulantes do campo da
centro-direita “não são competitivos”.
Após
perder uma camada significativa de intenções de voto com o crescimento de
Haddad nas pesquisas, Marina mira no eleitorado negro, pobre, de baixa
escolaridade e, principalmente, nas mulheres – sua principal base de votos, mas
que encolheu nas pesquisas mais recentes. Nas últimas semanas, a candidata da
Rede também adotou um tom mais propositivo.
Até
o momento, a série de quatro pesquisas Ibope/Estado/TV Globo indica
dificuldades para a viabilização de uma terceira via. Os candidatos do PSL e do
PT são os dois únicos que ganharam terreno em todos os levantamentos. Os demais
oscilaram ou caíram.
Há
uma quantidade razoável de eleitores “volúveis”, que admitem probabilidade
“alta” ou “muito alta” de mudar de voto para evitar a vitória de um candidato
do qual não gostam. Os volúveis são um terço do total.
Mas
esse cálculo político não alteraria a opção daqueles que veem seu candidato
como favorito. Nove em cada dez eleitores de Bolsonaro acham que ele vai
vencer, segundo o Ibope. E seis em cada dez apoiadores de Haddad consideram que
o petista é quem subirá a rampa do Palácio do Planalto em 2019.Do Estadão.
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